Conheça as tecnologias avançadas no monitoramento de glicose

As tecnologias avançadas no monitoramento de glicose revolucionam a rotina das pessoas com diabetes. Com melhorias contínuas, ferramentas como monitores de glicose contínua (CGM) e pâncreas artificiais proporcionam dados mais precisos dos níveis de glicemia. Essas inovações acabam transformando vidas, pois permitem um gerenciamento menos invasivo da condição.

Historicamente, o monitoramento da glicose era feito com o  uso de medidores de glicemia tradicionais As pessoas com diabetes precisavam perfurar o dedo para obter uma gota de sangue. Embora eficazes, esses dispositivos eram, muitas vezes, dolorosos e inconvenientes. O fato interferia na gestão pois alguns limitavam a frequência das medidas dos níveis de glicose pelo fato de ser invasivo.

Com o surgimento das tecnologias avançadas, como os sistemas de monitoramento contínuo de glicose (CGM), essa prática mudou. Os CGMs oferecem uma visão em tempo real dos níveis de glicose, permitindo ajustes mais precisos na alimentação, atividade física e medicação.

Os dispositivos de monitoramento contínuo de glicose são considerados um dos maiores avanços no manejo do diabetes. Esses dispositivos medem os níveis de glicose no fluido intersticial, fornecendo leituras contínuas ao longo do dia e da noite. 

O que são CGMs e como funcionam? 

Os chamados CGMs (Monitores Contínuos de Glicose, do inglês Continuous Glucose Monitors) são dispositivos baseados em tecnologias avançadas no monitoramento de glicose, usados para medir os níveis de glicose no sangue de forma contínua e em tempo real, sem a necessidade de múltiplas picadas no dedo ao longo do dia.

Eles são úteis para pessoas com diabetes porque fornecem uma visão mais detalhada das variações da glicemia. Os CGMs geralmente consistem em três partes principais: um sensor inserido sob a pele, um transmissor que envia dados para um dispositivo receptor ou smartphone, e o próprio receptor que exibe os dados.

Vantagens oferecidas pelos CGMs

Monitoramento em tempo real

Os pacientes recebem leituras em tempo real, permitindo que façam ajustes imediatos no tratamento.

Alertas de hipoglicemia e hiperglicemia

Os dispositivos podem alertar os usuários quando os níveis de glicose caem muito ou sobem demais, ajudando a prevenir complicações graves.

Tendências de glicose

Os CGMs mostram como os níveis de glicose mudam ao longo do tempo, oferecendo uma visão mais abrangente do monitoramento glicêmico do que as medições pontuais.

Estudos mostram que o uso de CGMs pode reduzir significativamente a hemoglobina A1c (HbA1c), um marcador-chave de controle glicêmico, e diminuir a incidência de hipoglicemia em pacientes com diabetes tipo 1 e tipo 2.

O que diz a SBD?

A Sociedade Brasileira de Diabetes em suas diretrizes explica que as pessoas “devem  receber treinamento detalhado para o manuseio do equipamento e a interpretação dos seus dados. Todos os que usam dispositivos de CGM precisam realizar o automonitoramento da glicemia capilar para calibrar seu sensor, em alguns casos, ou para verificar leituras discordantes de seus sintomas ou com desvios anômalos em relação ao esperado”. Conforme ainda a SBD, vários estudos clínicos têm demonstrado benefícios no controle glicêmico por meio do uso do CGM em diferentes populações. 

Integração com sistemas de Bomba de Insulina

Outra evolução importante é a integração dos CGMs com bombas de insulina. Esses sistemas híbridos fechados, muitas vezes referidos como ‘pâncreas artificiais parciais’, ajustam automaticamente a taxa de infusão de insulina com base nas leituras do CGM. Isso alivia os pacientes da necessidade de calcular e administrar doses de insulina manualmente, proporcionando um controle mais estável da glicose.

No entanto, as pessoas com diabetes precisam ter cuidado e sempre buscar o acompanhamento e a indicação do médico ao utilizar esses equipamentos. Tanto as bombas de insulina quanto os CGMs precisam passar por avaliações e aprovações rigorosas São importantes as realizadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e bem como as recomendadas pela Sociedade Brasileira de Diabetes, para garantir sua segurança e eficácia no tratamento.

O pâncreas artificial: o futuro do gerenciamento do diabetes

O desenvolvimento do pâncreas artificial é um dos avanços mais emocionantes na gestão do diabetes. Um pâncreas artificial é um sistema totalmente automatizado que combina um CGM, uma bomba de insulina e um algoritmo de controle para gerenciar os níveis de glicose de maneira independente, sem intervenção manual.

O objetivo do pâncreas artificial é imitar o funcionamento de um pâncreas saudável, que regula automaticamente os níveis de insulina em resposta às mudanças na glicemia. Isso representa um grande salto em relação aos sistemas híbridos, que ainda exigem que o paciente insira informações sobre refeições e atividade física.

Como funciona o pâncreas artificial?

Um pâncreas artificial típico funciona da seguinte maneira:

  1. Leitura de glicose: O CGM monitora continuamente os níveis de glicose no sangue.
  2. Algoritmo de controle: Um algoritmo sofisticado analisa os dados do CGM em tempo real e determina a quantidade exata de insulina necessária.
  3. Administração de insulina: A bomba de insulina ajusta automaticamente a dose com base nas instruções do algoritmo, administrando insulina conforme necessário.

Esse sistema é capaz de responder rapidamente a mudanças nos níveis de glicose, ajustando a administração de insulina de maneira dinâmica e precisa. Vários estudos clínicos têm demonstrado a eficácia dos pâncreas artificiais em melhorar o controle glicêmico, reduzindo tanto a hipoglicemia quanto a hiperglicemia.

Tipos de pâncreas artificiais

Existem diferentes tipos de pâncreas artificiais em desenvolvimento:

  1. Sistemas híbridos: Estes são os mais comuns atualmente e requerem alguma intervenção do usuário, como inserir dados de refeições. 
  2. Sistemas fechados totais: Sistemas em que o usuário não precisa inserir nenhuma informação; todo o controle é feito automaticamente pelo dispositivo.
  3. Sistemas de hormônios duplos: Estes dispositivos administram insulina e glucagon, um hormônio que aumenta a glicose no sangue, para um controle ainda mais equilibrado.

Outras tecnologias avançadas no monitoramento de glicose

Além dos CGMs e pâncreas artificiais, outras tecnologias inovadoras estão emergindo no campo do monitoramento de glicose:

Sensores de glicose não invasivos

Os sensores de glicose não invasivos estão sendo desenvolvidos para monitorar os níveis de glicose sem a necessidade de perfurar a pele. Esses dispositivos utilizam técnicas como espectroscopia e análise de fluido intersticial através da pele. Embora ainda estejam em fases iniciais de desenvolvimento, eles prometem transformar o monitoramento de glicose em uma experiência completamente livre de dor.

Inteligência Artificial (IA) e machine learning

A integração da IA e machine learning nos sistemas de monitoramento de glicose está permitindo a personalização do tratamento do diabetes. Algoritmos avançados podem analisar grandes volumes de dados para prever tendências de glicose e recomendar ajustes no tratamento antes que ocorra uma hipoglicemia ou hiperglicemia.

 Dispositivos wearables: Os dispositivos wearables, como relógios inteligentes e faixas de pulso, estão sendo desenvolvidos para incluir sensores de glicose. Estes dispositivos não apenas monitoram a glicose, mas também sincronizam com smartphones para fornecer alertas e dados em tempo real. Essa integração com a vida cotidiana do paciente facilita o controle e o gerenciamento do diabetes.

Desafios e cuidados no monitoramento da glicose

Apesar das inovações, ainda existem desafios no monitoramento avançado de glicose. O custo elevado desses dispositivos pode ser uma barreira para muitos. Além disso, a precisão dos sensores pode ser afetada por fatores como a hidratação, a temperatura ambiente e a localização do sensor no corpo.

A adoção de novas tecnologias requer educação adequada dos pacientes e profissionais de saúde. Dessa forma, será possível garantir que os dispositivos sejam usados de maneira correta. A integração contínua dessas tecnologias nos sistemas de saúde também é crucial para que mais pessoas possam se beneficiar delas.

Posicionamento da SBD sobre tecnologias não invasivas

Recentemente, a SBD publicou uma nota tratando sobre a importância de compreender as limitações e os desafios das tecnologias não invasivas no monitoramento de glicose. De acordo com a instituição, apesar de promissoras, essas tecnologias, que incluem métodos ópticos, de micro-ondas e eletroquímicos, ainda não atingiram a precisão necessária para garantir a segurança dos pacientes. 

A nota diz que estudos têm mostrado que os dados obtidos por essas tecnologias podem ser influenciados por fatores como temperatura corporal, sudorese e outras condições que comprometem a acurácia das medições. Consequentemente, a SBD não recomenda o uso de relógios ou outros dispositivos que prometem medir a glicose de forma não invasiva, pois ainda não possuem a confiabilidade necessária, e não foram aprovados pela Anvisa ou pelo FDA.

Embora a SBD reconheça o potencial das tecnologias não invasivas, a entidade ressalta que, até que estudos mais robustos sejam realizados e comprovem a eficácia e a segurança desses dispositivos, eles não devem ser utilizados como substitutos dos métodos tradicionais e invasivos de monitoramento de glicose.

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