Diabetes e menopausa: entenda a relação e como gerenciar

Diabetes e menopausa. Essa etapa natural na vida de toda mulher traz desafios adicionais para quem convive com a condição. A combinação de alterações hormonais e manejo da doença  exige uma abordagem cuidadosa para manter a saúde e o bem-estar durante esse período de mudança.

A médica endocrinologista Andressa Heimbecher Soares, especialista pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, diz que a mulher com diabetes tipo 1 ou 2, deve se preocupar na fase da menopausa com o peso. “É sabido que há uma tendência natural de redução do metabolismo da mulher após o período da menopausa, pela diminuição dos hormônios femininos, o que a faz queimar menos calorias”, ressalta.

O risco é o consequente ganho de peso e com mais peso, há maior chance de ocorrer a resistência insulínica, quando ficará mais difícil controlar o diabetes, explica Andressa em seu artigo publicado no site da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD).

Diabetes e menopausa: gerenciamento

De acordo com a médica, os hormônios femininos estrógeno e progesterona auxiliam na estabilidade dos níveis de glicose no sangue, pois influenciam diretamente na gestão da insulina. Contudo, com a sua diminuição nessa fase da mulher, o risco de instabilidade glicêmica aumenta, exigindo ajustes nas doses de medicamentos para o diabetes.

Andressa também destaca que neste período é importante diferenciar os sintomas da menopausa dos sinais de descontrole glicêmico. Sintomas comuns da menopausa, como ondas de calor, podem ser confundidos com episódios de hipoglicemia, enquanto o cansaço e a falta de ânimo, podem ser erroneamente atribuídos a níveis elevados de açúcar no sangue.

Para minimizar os impactos dessas mudanças, a médica recomenda que as mulheres monitorem a glicemia com mais frequência e realizem exames laboratoriais regularmente, sempre com acompanhamento médico. Além disso, manter uma alimentação balanceada, praticar atividades físicas, realizar acompanhamento ginecológico regular e considerar tratamentos adequados para a menopausa garantem uma transição mais tranquila e segura durante essa fase da vida.

Como monitorar a glicose na menopausa?

1. Monitore os níveis de glicose regularmente

Durante a menopausa, o monitoramento dos níveis de glicose deve ser feito com mais frequência. As flutuações hormonais podem causar variações inesperadas na glicemia, e o monitoramento regular ajuda a identificar essas mudanças rapidamente. Use um monitor contínuo de glicose (CGM) ou faça medições frequentes para ajustar a medicação conforme necessário.

2. Adapte a alimentação:

Uma alimentação equilibrada auxilia no manejo da glicemia, especialmente durante a menopausa. Alimentos ricos em fibras, como frutas, vegetais e grãos integrais, ajudam a manter os níveis de glicose estáveis. Além disso, reduzir o consumo de carboidratos refinados e açúcares simples pode evitar picos de glicose. Consultar um nutricionista ajuda a criar um plano alimentar que leve em conta as mudanças hormonais.

3. Mantenha-se ativa:

O exercício físico regular é uma das maneiras mais eficazes no manejo da glicemia e combate a resistência à insulina. Atividades aeróbicas, como caminhadas, natação e ciclismo, junto com exercícios de resistência, como musculação, ajudam a melhorar a sensibilidade à insulina. A prática de atividades físicas também ajuda a gerenciar o peso, comum durante a menopausa.

4. Gerencie o estresse:

O estresse pode ter um impacto nos níveis de glicose. Durante a menopausa, as mudanças hormonais podem aumentar a ansiedade e a irritabilidade. Técnicas de gerenciamento de estresse, como meditação, yoga ou simplesmente reservar um tempo para relaxar, são importantes para manter o equilíbrio emocional e gerenciar a glicemia.

5. Considere a Terapia de Reposição Hormonal (TRH):

Embora a TRH não seja adequada para todas as mulheres, ela pode ajudar a aliviar alguns dos sintomas da menopausa que afetam o controle da glicemia. No entanto, a decisão de iniciar a TRH deve ser cuidadosamente discutida com um médico, especialmente para mulheres com diabetes, pois pode haver riscos associados.

Quais são as doenças que a menopausa pode causar?

Doenças cardiovasculares

Após a menopausa, o risco de doenças cardiovasculares aumenta significativamente. O estrogênio tem um efeito protetor sobre o coração e os vasos sanguíneos, ajudando a manter os níveis de colesterol equilibrados e promovendo a dilatação dos vasos sanguíneos. Com a queda nos níveis de estrogênio, as mulheres se tornam mais suscetíveis a problemas cardíacos, como hipertensão, infarto e AVC.

Osteoporose

A perda de massa óssea acelera após a menopausa devido à diminuição do estrogênio, aumentando o risco de osteoporose. Essa condição enfraquece os ossos, tornando-os mais suscetíveis a fraturas, especialmente na coluna, quadris e punhos. Mulheres com diabetes tipo 1, em particular, já estão em maior risco de desenvolver osteoporose, o que torna a prevenção ainda mais crucial.

Ganho de peso e síndrome metabólica

Muitas mulheres experimentam ganho de peso durante a menopausa, especialmente na região abdominal. Esse aumento de gordura visceral está associado a um maior risco de síndrome metabólica, que inclui uma combinação de hipertensão, níveis elevados de glicose no sangue, colesterol anormal e excesso de gordura abdominal. A síndrome metabólica aumenta o risco de doenças cardiovasculares e diabetes tipo

Alterações no humor e saúde mental

As flutuações hormonais durante a menopausa podem afetar o humor, levando a depressão, ansiedade e irritabilidade. Mulheres com diabetes têm essas mudanças exacerbadas. Pois,  já têm de lidar com o estresse adicional de gerenciar a condição. O suporte psicológico e o autocuidado são essenciais para enfrentar essas mudanças.

Problemas urogenitais

A diminuição dos níveis de estrogênio também afeta a saúde urogenital, causando secura vaginal, desconforto durante a relação sexual e aumento do risco de infecções do trato urinário. Esses problemas podem impactar significativamente a qualidade de vida, e tratamentos tópicos com estrogênio ou lubrificantes podem ajudar a aliviar os sintomas.

O que é diabetes hormonal?

O termo “diabetes hormonal” descreve como as alterações hormonais, como aquelas que ocorrem durante a menopausa, afetam o manejo do diabetes. A resistência à insulina tende a aumentar com a queda nos níveis de estrogênio. Esse hormônio interfere na sensibilidade à insulina. Quando seus níveis diminuem, o corpo pode se tornar menos sensível à insulina, o que exige mais desse hormônio para transportar a glicose do sangue para as células. Isso pode resultar em níveis elevados de glicose no sangue.

As flutuações hormonais podem causar variações nos níveis de glicose, tornando-os menos previsíveis. Algumas mulheres experienciam hiperglicemia, ou seja, altos níveis de glicose, devido à resistência à insulina, enquanto outras enfrentam hipoglicemia, ou baixos níveis de glicose, se a medicação não for ajustada adequadamente.

O ganho de peso, comum na menopausa, pode intensificar a resistência à insulina. O aumento da gordura abdominal, em particular, está fortemente associado à piora do manejo glicêmico em mulheres com diabetes.

Quem tem diabetes pode fazer reposição hormonal?

A terapia de reposição hormonal (TRH) é uma opção para aliviar os sintomas da menopausa, como ondas de calor, suores noturnos e secura vaginal. No entanto, para mulheres com diabetes, iniciar a TRH exige uma análise cuidadosa dos riscos e benefícios. A TRH pode melhorar a qualidade de vida ao aliviar sintomas que afetam o controle do diabetes e, em alguns casos, pode ter um efeito positivo na sensibilidade à insulina e no perfil lipídico.

Apesar desses benefícios potenciais, a TRH também apresenta riscos. Pode aumentar o risco de doenças cardiovasculares, câncer de mama e trombose em algumas mulheres. Para aquelas com diabetes, que já enfrentam um maior risco de problemas cardiovasculares, esses riscos precisam ser avaliados com atenção pela equipe médica.

Antes de começar a TRH, é indicado discutir com um médico os benefícios e riscos, considerando o histórico de saúde pessoal e familiar. Às vezes, uma abordagem personalizada com doses menores de hormônios ou formas não orais de TRH pode ser recomendada para minimizar os riscos.

Para mulheres que não desejam ou não podem usar a TRH, existem outras opções para gerenciar os sintomas da menopausa, incluindo mudanças no estilo de vida, medicamentos não hormonais e tratamentos naturais. Essas alternativas podem proporcionar alívio sem os riscos associados à TRH.

A relação entre diabetes e menopausa apresenta desafios únicos, mas com o conhecimento adequado e gerenciamento, é possível manter a saúde e o bem-estar durante essa fase. Gerenciar a glicemia, monitorar a saúde e considerar cuidadosamente as opções de tratamento, como a TRH, garantem uma transição saudável e confortável para a menopausa. Mulheres com diabetes devem trabalhar em estreita colaboração com seus médicos para desenvolver um plano de cuidado personalizado que atenda às suas necessidades durante essa nova etapa da vida.

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