Em meio a rotinas cada vez mais aceleradas, o conceito de autocuidado se fortalece como uma forma de retorno ao essencial: cuidar de si. Mas não é apenas um dia de descanso ou uma viagem relaxante; trata-se de um compromisso constante com o bem-estar físico, mental e emocional. Embora esse termo possa remeter a ações grandes e mudanças radicais, também se encontra em pequenas práticas cotidianas que, somadas, impactam a qualidade de vida.
Qual é o significado de autocuidado?
O autocuidado é a capacidade de promover ativamente a própria saúde e bem-estar, através de práticas que alimentam o corpo, a mente e o espírito. Mais do que um conceito, é um ato de amor-próprio e responsabilidade consigo mesmo, reconhecendo que, ao cuidar de nossas necessidades físicas, emocionais e mentais, estamos nos fortalecendo para enfrentar os desafios da vida com mais resiliência e equilíbrio.
Embora pareça simples, muitas pessoas confundem com indulgência, como um luxo reservado para momentos raros. No entanto, é primordial para manter um estado de saúde integral. Quando nos engajamos em práticas de autocuidado, estamos investindo na nossa qualidade de vida e prevenindo desgastes, doenças e problemas emocionais.
Quais são os 4 tipos de autocuidado?
Existem quatro pilares principais, cada um focado em uma área fundamental para o bem-estar:
1. Autocuidado físico
Envolve práticas que ajudam a manter o corpo saudável e bem cuidado. Isso inclui desde uma alimentação equilibrada e prática regular de exercícios até a atenção com a qualidade do sono e cuidados com a higiene pessoal.
2. Autocuidado mental
O autocuidado mental refere-se ao cultivo de uma mente saudável, que consiga lidar com o estresse e as pressões diárias. Práticas como leitura, jogos de raciocínio, cursos e desenvolvimento de habilidades fazem parte desse tipo de autocuidado.
3. Autocuidado emocional
Envolve atividades que ajudam a reconhecer, entender e expressar as emoções. Ele permite que as pessoas tenham uma melhor relação com suas emoções, o que leva a uma maior estabilidade emocional. Terapias, meditação e práticas de gratidão são exemplos desse tipo de autocuidado.
4. Autocuidado espiritual
Não se refere necessariamente à religião, mas sim a atividades que alimentam o espírito e proporcionam um sentimento de propósito. Pode envolver práticas como meditação, voluntariado ou simplesmente momentos de reflexão.
Quais são as 5 formas de autocuidado?
Apesar dos quatro tipos de autocuidado, há cinco formas populares de praticá-lo que muitas vezes se conectam diretamente com as nossas atividades diárias. Cada uma delas pode ser uma maneira fácil de iniciar ou ampliar suas ações:
1. Cuidar do sono
O sono ajuda na recuperação do corpo e da mente. Estabeleça uma rotina de sono, evite eletrônicos uma hora antes de dormir e procure manter um ambiente tranquilo no quarto para um descanso de qualidade.
2. Atividade física regular
Encontre uma forma de movimento que lhe proporcione prazer. Caminhadas, dança, ioga ou qualquer outra atividade que envolva o corpo ajuda a liberar tensões e aumentar a energia.
3. Alimentação consciente
Comer de forma equilibrada e consciente, sem exageros e com variedade, proporciona ao corpo todos os nutrientes necessários para funcionar bem. Alimentação também pode envolver pequenas práticas, como beber mais água e diminuir o consumo de alimentos ultra processados.
4. Tempo para si mesmo
Estabelecer momentos na agenda para relaxar, refletir ou fazer algo que goste, como hobbies e atividades de lazer, proporciona bem-estar mental e emocional.
5. Conexão social
Passar tempo com pessoas queridas, trocar experiências, rir e conversar são formas de autocuidado emocional. Estabelecer conexões saudáveis melhora a saúde mental e fortalece o sistema de apoio social.
Pequenas práticas diárias de autocuidado
Implementá-lo na rotina pode parecer complicado, mas, na verdade, é composto por pequenas ações que podem ser realizadas ao longo do dia. Algumas dicas para iniciar:
- Defina seus limites: Estabeleça limites para evitar desgastes. Isso pode incluir dizer “não” a compromissos excessivos, limitar o tempo de uso de redes sociais ou delegar tarefas quando possível.
- Inicie com pequenas mudanças: Em vez de transformar toda a rotina, comece com pequenas ações, como caminhar alguns minutos diariamente, fazer uma refeição mais saudável ou meditar por cinco minutos.
- Crie uma rotina de autocuidado: Planeje horários específicos para práticas de autocuidado. Ao criar uma rotina, o autocuidado se torna um hábito e passa a ser algo natural, sem necessidade de esforços extras.
- Aceite suas emoções: Praticar autocuidado emocional inclui validar seus sentimentos e expressá-los de maneira saudável. Isso pode envolver conversar com amigos ou escrever um diário para processar o que sente.
- Pratique o autocompasso: Muitas vezes somos muito críticos conosco mesmos. Praticar a autocompaixão ajuda a ter uma visão mais gentil das próprias falhas e limitações, além de fortalecer a autoestima.
Como impacta na vida
O estudo “Autocuidado de usuários com doenças crônicas na atenção primária à luz da teoria de Orem” mostra a relevância do autocuidado para pacientes com doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) na Atenção Primária à Saúde (APS). A pesquisa evidenciou que o engajamento dos pacientes em práticas de autocuidado contribui diretamente para a estabilização e controle das condições crônicas, promovendo uma melhora na qualidade de vida e uma redução na necessidade de intervenções médicas frequentes.
Outro aspecto é a relação entre o nível de conhecimento do paciente sobre sua condição e a capacidade de realizar o autocuidado de forma eficaz. O estudo sugere que a educação em saúde é um dos pilares para empoderar os indivíduos, capacitando-os a adotar práticas de autocuidado como parte de sua rotina.
Incorporar o autocuidado na rotina não precisa ser complexo ou dispendioso; pequenas mudanças no cotidiano já fazem uma diferença significativa.
Já a pesquisa “Relação entre qualidade de vida e autocuidado: percepção dos acadêmicos de medicina da Universidade Federal do Ceará” revela que os estudantes de medicina reconhecem que o autocuidado mantém a qualidade de vida e reduzir o estresse acadêmico. O estudo destaca que práticas como atividade física regular, sono adequado e alimentação balanceada contribuem para a saúde mental dos acadêmicos, permitindo-lhes lidar melhor com as exigências do curso.
Além disso, a pesquisa aponta que, ao adotar hábitos de autocuidado, os estudantes se sentem mais preparados e equilibrados para enfrentar os desafios diários da vida universitária, especialmente em uma área de alta carga emocional e física como a medicina.O estudo ressalta que muitos reconhecem a importância do autocuidado, mas enfrentam desafios para incorporá-lo de forma consistente em suas vidas, devido ao ritmo acelerado e à alta carga de estudos.
Diretriz da OMS e intervenções essenciais
A Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou uma diretriz global inovadora que destaca a importância das intervenções de autocuidado como um componente para a promoção da saúde e o bem-estar ao redor do mundo. A diretriz oferece orientações específicas para países em diferentes contextos econômicos, promovendo o autocuidado como um meio de alcançar a cobertura universal de saúde, manter o mundo seguro e atender populações vulneráveis. Este documento surge em resposta à previsão de escassez de cerca de 18 milhões de profissionais de saúde até 2030, além de considerar o aumento nas necessidades globais de assistência humanitária e as ameaças de novas pandemias, como a COVID-19.
O autocuidado, segundo a OMS, refere-se à capacidade dos indivíduos, famílias e comunidades de promover a própria saúde, prevenir doenças e lidar com condições de saúde, com ou sem o apoio direto de profissionais. As recomendações incluem estratégias específicas para o autocuidado de doenças crônicas não transmissíveis (CCNTs), como hipertensão, doenças cardiovasculares e diabetes.
Por exemplo, pessoas com hipertensão são incentivadas a monitorar a pressão arterial por meio de tecnologias acessíveis, enquanto indivíduos com diabetes, especialmente os que utilizam insulina, devem monitorar a glicemia conforme as necessidades clínicas. Esses processos de autocuidado não só aumentam a autonomia dos indivíduos em relação à saúde, mas também reduzem a pressão sobre os sistemas de saúde.
Saúde e bem-estar em tempos de escassez de profissionais
Além das recomendações para condições crônicas, a diretriz trata de aspectos fundamentais do autocuidado: promoção de saúde, automedicação responsável, reabilitação e cuidados paliativos. Segundo a OMS, atualmente, mais de 400 milhões de pessoas no mundo não têm acesso aos serviços de saúde mais básicos, e cerca de 100 milhões são empurradas para a pobreza todos os anos devido aos altos custos com assistência médica. Portanto, a implementação de práticas de autocuidado se torna uma estratégia para reduzir as desigualdades na saúde e melhorar o acesso ao cuidado, independentemente da infraestrutura de saúde local.
As intervenções de autocuidado promovidas pela OMS incluem medidas pensadas para fortalecer a saúde individual e coletiva, especialmente em áreas de maior vulnerabilidade. A diretriz é voltada para gestores de programas de saúde, formuladores de políticas, profissionais de saúde, organizações civis e pesquisadores, oferecendo um guia para a criação de políticas e programas que incentivem o autocuidado.
Essas orientações refletem um movimento da saúde pública que enxerga o paciente como um agente ativo no cuidado, aumentando a conscientização sobre o papel do autocuidado na prevenção e no controle de doenças. Em resumo, a diretriz da OMS sobre autocuidado é uma resposta estratégica para lidar com as limitações e desafios atuais dos sistemas de saúde, garantindo que todos tenham a oportunidade de promover sua própria saúde, mesmo em contextos de recursos limitados.
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