Como prevenir complicações do diabetes nos pés? Confira

O diabetes pode causar complicações nos pés, como neuropatia diabética e doença arterial periférica.

Essas complicações resultam em perda de sensibilidade e problemas circulatórios, aumentando o risco de úlceras e infecções graves, que podem levar até à amputação.

Os profissionais de saúde alertam que a prevenção dessas condições nos pés seja parte integrante do tratamento do paciente, visando melhorar a qualidade de vida e evitar hospitalizações.

A neuropatia diabética é causada por níveis elevados de glicose no sangue que danificam os nervos, resultando na perda de sensibilidade nos pés.

Isso impede que os pacientes percebam ferimentos, como cortes e bolhas, até que se tornem infecções sérias.

A doença arterial periférica, por outro lado, compromete a circulação sanguínea, especialmente nas extremidades do corpo, dificultando a cicatrização de feridas e aumentando o risco de complicações.

Como diagnosticar e avaliar riscos de diabetes nos pés 

1. Exame físico e sensorial dos pés:

Profissionais de saúde devem realizar exames regulares para que se possa identificar sinais de neuropatia e má circulação.

Avaliar a perda de sensibilidade com um monofilamento é um dos procedimento, assim como observar alterações na pele, como calos, ressecamento e descoloração.

Verificar o pulso nos pés e identificar possíveis deformidades também faz parte do protocolo de diagnóstico.

2. Monitoramento de alterações estruturais e vasculares

A presença de deformidades, como dedos em martelo, joanetes ou pé de Charcot, deve ser observada, pois aumentam a vulnerabilidade a lesões.

Além disso, exames não invasivos, como o índice tornozelo-braquial (ITB), ajudam a identificar a gravidade da doença arterial periférica, orientando o tratamento.

O que é índice tornozelo-braquial?

O ITB é um exame simples e não invasivo utilizado para avaliar a circulação sanguínea nas pernas e nos pés.

É um dos principais testes para diagnosticar a doença arterial periférica (DAP): compara a pressão arterial medida no tornozelo com a pressão arterial medida no braço.

A DAP ocorre quando há um estreitamento ou bloqueio nas artérias das extremidades inferiores, limitando o fluxo de sangue.

O exame é comumente utilizado por médicos para identificar e monitorar problemas circulatórios em pessoas com diabetes, fumantes e idosos, que estão em maior risco de desenvolver a condição.

Interpretação do ITB:

  • ITB entre 1,0 e 1,4: Normal. A circulação sanguínea está adequada.
  • ITB entre 0,9 e 1,0: Leve obstrução, pode indicar um início de doença arterial periférica.
  • ITB entre 0,7 e 0,9: Moderada obstrução, possível sinal de DAP moderada.
  • ITB abaixo de 0,7: Obstrução grave, indicando doença arterial periférica avançada.
  • ITB acima de 1,4: Sugere artérias rígidas, possivelmente devido à calcificação, e pode requerer mais exames para avaliação precisa.

Práticas de autocuidado e tratamentos preventivos

Os profissionais de saúde exercem também papeis de educadores no que se refere ao autocuidado diário, que é a base da prevenção de complicações nos pés.

A inspeção diária dos pés possibilita detectar pequenos ferimentos, como cortes e bolhas, antes que se tornem graves.

Lavar os pés diariamente com água morna e sabão neutro, seguido de uma secagem minuciosa, principalmente entre os dedos, é uma prática importante para evitar infecções.

A hidratação da pele também é importante, embora seja necessário evitar aplicar hidratantes entre os dedos, onde a umidade excessiva pode favorecer o surgimento de infecções fúngicas.

Outra medida preventiva importante é o corte das unhas dos pés de forma correta: reta, evitando cortes nos cantos para prevenir unhas encravadas.

Além disso, o uso de calçados adequados, que proporcionam suporte e conforto, deve ser incentivado, pois calçados mal ajustados podem causar lesões e aumentar o risco de complicações.

Quando as práticas de autocuidado não são suficientes, a intervenção clínica se torna necessária para cuidar do diabetes nos pés.

A consulta regular com um podólogo pode prevenir problemas mais graves, como calos e unhas encravadas.

Para pacientes com sinais de má circulação, exames vasculares são indicados para uma avaliação mais detalhada e o início de um tratamento adequado.

O uso de órteses e palmilhas ortopédicas personalizadas também pode redistribuir a pressão nos pés de forma a prevenir úlceras.

Monitoramento e prevenção do diabetes nos pés

Em casos mais graves, onde há úlceras ou feridas, o tratamento deve ser iniciado imediatamente para evitar complicações maiores, como infecções generalizadas ou amputação.

As feridas devem ser limpas regularmente e o tecido morto deve ser removido (desbridamento) para promover uma cicatrização mais rápida.

Curativos avançados que mantêm a ferida em um ambiente úmido controlado são recomendados para acelerar a cicatrização.

Quando há infecção, o uso de antibióticos sistêmicos ou tópicos é necessário, sempre com base em uma avaliação correta do patógeno envolvido.

Nos últimos anos, avanços em biotecnologia e medicina têm aberto novas possibilidades para o tratamento de feridas diabéticas.

Plataformas de telemedicina estão sendo usadas para monitorar remotamente úlceras, enquanto a oxigenoterapia hiperbárica e a terapia de pressão negativa têm mostrado resultados promissores em casos de difícil cicatrização. A

A importância da educação sobre diabetes

A enfermeira Sherida Karanini Paz de Oliveira, professora adjunta do Curso de Enfermagem da Universidade Estadual do Ceará (Uece), destaca que o pé das pessoas com diabetes uma das complicações mais frequentes, impacta na qualidade de vida dos pacientes.

Segundo a especialista, a educação sobre essa condição e o manejo metabólico são essenciais na prevenção de lesões.

Nesses casos, os profissionais de enfermagem deve orientar sobre cuidados simples, como a higiene adequada, o corte correto das unhas e a escolha de calçados apropriados.

A inspeção diária dos pés deve ser incentivada, pois a neuropatia pode impedir a percepção de lesões, levando a sérias complicações.

A escolha de calçados adequados é uma prescrição fundamental para pessoas com diabetes, e a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) criou normas técnicas para garantir a segurança dos calçados.

Sherida enfatiza que é necessário aumentar o conhecimento dos pacientes sobre o autocuidado, promovendo estratégias de educação em saúde que visem a conscientização e a prevenção de complicações.

Cuidados para evitar complicações de diabetes nos pés

1. Escolha de calçados adequados:

  • Sapatos confortáveis e firmes: Devem ser ajustados, mas não apertados, para evitar ferimentos.
  • Frente ampla: O calçado deve ter espaço suficiente para acomodar os dedos, sem pressioná-los.
  • Material macio: Prefira calçados de couro macio, que permitam a transpiração dos pés.
  • Solado antiderrapante: O solado deve ser firme, com capacidade de absorção de impactos.
  • Sem costuras internas: Para evitar fricção e feridas, o interior do calçado deve ser liso, sem costuras.
  • Salto baixo e estável: O ideal é um salto de até 2 cm para proporcionar equilíbrio.
  • Amarração regulável: Calçados com cadarços ou velcro permitem ajustar melhor o pé.
  • Inspeção interna diária: Verifique se não há objetos ou irregularidades no interior dos sapatos antes de calçá-los.

 2. Cuidados com o corte das unhas:

  • Corte reto: Evite cortar as unhas de forma arredondada para prevenir o encravamento.
  • Evite cortes excessivos: Não corte as unhas muito curtas, pois pode causar machucados.
  • Utilize ferramentas adequadas: Use tesouras ou cortadores de unhas apropriados e esterilizados.
  • Consulte um profissional: Se houver dificuldade em cortar as unhas, especialmente devido à neuropatia, procure um podólogo.

3. Higiene e hidratação dos pés:

  • Lavar e secar bem: Lave os pés diariamente e seque com atenção, especialmente entre os dedos.
  • Hidratar a pele: Use hidratante para evitar ressecamento, mas não aplique entre os dedos.
  • Evitar escalda pés: Não use água muito quente e sempre verifique a temperatura antes do banho.

4. Autocuidado diário com os pés:

  • Inspeção diária: Verifique diariamente se há cortes, bolhas, calos ou manchas.
  • Evitar andar descalço: Use meias com calçados fechados para proteção dos pés.
  • Meias adequadas: Opte por meias macias, sem costuras ou elásticos apertados.

5. Acompanhamento profissional:

  • Consultas regulares: Visite o médico ou enfermeiro para avaliação periódica dos pés e orientação contínua.
  • Educação em diabetes: Participe de programas educativos para aprender mais sobre o autocuidado dos pés.

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