O papel dos profissionais de saúde vai além do tratamento clínico: eles também atuam como educadores, ajudando as pessoas com diabetes a entender melhor sua condição e a adotar práticas que promovam sua saúde e bem-estar.
A educação em diabetes não apenas aumenta o conhecimento dos pacientes, mas também fortalece sua autonomia no autocuidado, contribuindo para a prevenção de complicações graves.
Conforme o médico Edson da Silva, Doutor em Biologia Celular e Estrutural pela Universidade Federal de Viçosa (UFV) e docente da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), a sociedade carece de informações básicas sobre o diabetes mellitus e suas possíveis terapias.
Ele destaca que é essencial encorajar tanto os profissionais de saúde quanto os pacientes com diabetes a compartilhar conhecimentos sobre as diferentes opções de tratamento e o processo necessário para o manejo da condição. “A partir do diagnóstico, pacientes e suas famílias devem adquirir conhecimento e desenvolver habilidades necessárias para o autocuidado”, afirma em seu artigo no site da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD).
A SBD destaca a educação como uma estratégia para reduzir as taxas de hospitalizações decorrentes de complicações evitáveis.
Além disso, a educação em diabetes contribui para que as pessoas tenham autonomia e consigam incorporar hábitos saudáveis em suas rotinas diárias, fundamentais para evitar o agravamento da condição.
O papel dos profissionais de saúde na educação em diabetes
Conforme Silva, a educação em diabetes busca aliviar a sobrecarga no sistema de saúde e promover qualidade de vida. Atualmente, considerada parte do próprio tratamento da condição deve ser inserida em todos os níveis de assistência.
O médico ressalta a importância de preparar profissionais de saúde para oferecer cuidados de alta qualidade às pessoas com diabetes, especialmente com práticas educativas que respeitem a autonomia do paciente e incentivem a participação ativa no controle da doença.
No entanto, embora a educação em diabetes seja amplamente valorizada, ainda enfrenta desafios relacionados à sua regulamentação e reconhecimento como profissão formal no Brasil.
Em outros países, como Estados Unidos e diversos países europeus, essa profissão é regulamentada, o que confere maior estrutura e valorização à atuação desses profissionais.
Estratégias educativas: ferramentas e métodos de ensino
A educação em diabetes não se limita ao tradicional encontro presencial. De acordo com Silva, com o avanço da tecnologia, novas estratégias têm surgido para facilitar o acesso à informação. “Hoje em dia, o educador em diabetes pode trabalhar com diversas ferramentas para desenvolver suas habilidades educativas”, explica. Entre essas ferramentas, destacam-se aplicativos de monitoramento, sites informativos, podcasts e fóruns de discussão online, que possibilitam o acompanhamento contínuo dos pacientes e a troca de experiências.
Além das plataformas digitais, há os métodos presenciais, como palestras e oficinas, que são essenciais para uma abordagem prática e personalizada, ajudando as pessoas com diabetes a entenderem como monitorar a glicemia, ajustar a alimentação e planejar a atividade física.
A relação entre autocuidado e educação em diabetes
O autocuidado é um dos pilares do tratamento do diabetes. Para que o paciente consiga tomar decisões adequadas e adotar práticas que contribuam para sua saúde, ele precisa de conhecimento e treinamento.
Segundo Silva, estudos mostram que pacientes que recebem orientação sobre o autocuidado têm um melhor controle glicêmico e apresentam menores taxas de complicações e hospitalizações.
No processo de autocuidado, a alimentação, a prática de exercícios físicos e o monitoramento da glicemia são componentes fundamentais.
Um paciente bem informado sabe identificar os alimentos mais adequados para o seu caso, compreende a importância de manter-se ativo e reconhece quando sua glicemia está fora dos padrões desejáveis.
Desafios da educação em diabetes no Brasil
Embora a educação em diabetes seja um direito e uma necessidade para o bem-estar das pessoas com diabetes, o médico ressalta que no Brasil ainda há desafios. A falta de recursos e de infraestrutura adequada em alguns serviços de saúde impactam na vida de pessoas com diabetes. “Muitos pacientes têm dificuldade de acesso a informações confiáveis e de qualidade, o que impacta diretamente no gerenciamento da doença”, explica.
Outro ponto crítico é a disparidade regional na disponibilidade de educadores em diabetes. Em regiões mais afastadas ou de menor infraestrutura, os pacientes muitas vezes não contam com acesso adequado a profissionais capacitados.
Dessa forma, o acompanhamento e a adoção de práticas de autocuidado são prejudicadas.
O papel das famílias na educação em diabetes
A educação em diabetes não se restringe à pessoa com diabetes. Muitos aspectos do tratamento precisam ser incorporados à rotina familiar. “Ao educar a família, os profissionais de saúde garantem que o ambiente doméstico favoreça o autocuidado e as mudanças de estilo de vida que o paciente precisa implementar”, afirma.
A família também precisa estar ciente de como oferecer apoio emocional ao paciente. O diagnóstico de diabetes pode ser desafiador, trazendo inseguranças e sentimentos de angústia.
Familiares informados podem proporcionar um suporte mais efetivo e contribuir para que a pessoa sinta-se acolhida e encorajada a seguir com o tratamento.
Educação em diabetes e o impacto na sociedade
A educação em diabetes beneficia não só os pacientes, mas também a sociedade. Na opinião de Silva, com pacientes mais bem informados e conscientes sobre o seu papel no tratamento, reduz-se a sobrecarga no sistema de saúde, pois há uma diminuição nas complicações e nas internações hospitalares.
A promoção de saúde e prevenção de complicações é uma medida que, a longo prazo, contribui para a sustentabilidade dos sistemas de saúde.
Em países com programas de educação em diabetes bem estruturados, como Estados Unidos e Canadá, observou-se uma significativa redução dos custos relacionados ao tratamento das complicações do diabetes.
Além disso, com o aumento do acesso à informação na Internet, surgem também informações errôneas que podem colocar a saúde do paciente em risco. Conforme Silva, pessoas que buscam informações online precisam ser educados para diferenciar fontes confiáveis das que não são. A orientação adequada evita recomendações incorretas que podem comprometer seu controle glicêmico.
A urgência de políticas públicas no Brasil
Com o aumento contínuo dos casos de diabetes no mundo, atingindo cerca de 537 milhões de adultos em 2021, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a educação em diabetes se torna cada vez mais prioritária.
No Brasil, os dados são igualmente preocupantes: a SBD estima que aproximadamente 20 milhões de brasileiros convivem com a condição, conforme atualização de abril de 2024.
Diante desse cenário, é urgente estabelecer políticas públicas voltadas para a educação em diabetes, que incentivem a formação e capacitação de educadores e garantam o acesso a esses serviços para todos os pacientes.
A educação em diabetes, como parte fundamental do tratamento, transforma a maneira como os pacientes enfrentam a condição, promovendo um manejo mais efetivo e reduzindo complicações.
Práticas educativas no Brasil
No Brasil, diversas práticas educativas vêm sendo implementadas para promover o conhecimento sobre o diabetes e apoiar o autocuidado dos pacientes. Algumas dessas práticas incluem:
Programas de Educação em Saúde oferecidos pelo SUS
Em unidades básicas de saúde, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece programas de acompanhamento e orientação para pessoas com diabetes.
Esses programas incluem palestras, grupos de apoio e oficinas práticas que abordam temas como alimentação saudável, monitoramento da glicemia e prática de atividade física.
CAMPs e ações de associações de diabetes
Organizações como a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) e a Associação de Diabetes Juvenil (ADJ) oferecem programas de educação para diabéticos e suas famílias.
Essas associações promovem eventos, campanhas e workshops com orientações sobre o manejo do diabetes e informações atualizadas sobre novos tratamentos e tecnologias.
Dia Mundial do Diabetes
No Brasil, o Dia Mundial do Diabetes (14 de novembro) é marcado por ações de conscientização em várias cidades.
Profissionais de saúde organizam atividades educativas em locais públicos, com serviços gratuitos como medição de glicemia, exames preventivos e palestras sobre prevenção e tratamento do diabetes.
Programas de Educação Continuada para Profissionais de Saúde
Muitos hospitais e clínicas oferecem programas de capacitação e atualização para profissionais que atuam no cuidado de pessoas com diabetes.
Cursos, palestras e workshops sobre controle da glicemia, novas terapias e estratégias educativas para o paciente são oferecidos para fortalecer o atendimento e a orientação dos pacientes.
Aplicativos e plataformas digitais
Algumas iniciativas digitais, como o aplicativo “Glic” e o “Saúde Digital”, são voltadas para o monitoramento e a educação de pacientes com diabetes.
Além de monitorar a glicemia, essas plataformas oferecem conteúdos educativos e dicas de autocuidado, facilitando o acompanhamento dos pacientes e promovendo o aprendizado.
Programas Educativos de Hospitais Universitários
Alguns hospitais universitários, como o Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP) e a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), realizam programas educativos para pessoas com diabetes, com foco em estratégias de autocuidado, alimentação e práticas saudáveis.
Somos o G7med
O G7med é uma startup inovadora em Saúde. Temos como objetivo transformar a saúde através da educação de qualidade, alcançando médicos, profissionais de saúde e pacientes. Conheça nossos cursos.