Glicemia e esporte: como o exercício impacta

A relação entre glicemia e esporte tem sido amplamente estudada, especialmente no contexto do diabetes. O exercício físico pode influenciar os níveis de glicose no sangue de diferentes maneiras, dependendo da intensidade, duração e do tipo de atividade realizada. Para indivíduos com diabetes tipo 1 ou tipo 2, compreender esses impactos ajuda manter a glicemia equilibrada e evitar complicações como hipoglicemia ou hiperglicemia durante e após o treino.

Estudos mostram que a prática regular de atividade física melhora a sensibilidade à insulina, facilitando a absorção da glicose pelas células musculares. No entanto, o efeito pode variar de acordo com fatores individuais, como o estado metabólico, a alimentação e o uso de medicamentos. Assim, monitorar a glicemia antes, durante e depois do exercício é uma estratégia fundamental para garantir segurança e eficiência nos treinos.

Glicemia e esporte: de que forma a atividade física impacta

A glicose é o principal combustível energético do organismo, sendo fundamental para a contração muscular durante a prática esportiva. No entanto, o impacto do exercício na glicemia varia conforme a intensidade, duração e tipo de atividade, além de fatores individuais, como a ação da insulina e a ingestão de carboidratos antes do treino.

Os efeitos da atividade física na glicemia podem ser classificados da seguinte forma:

✔️ Exercícios aeróbicos (corrida, caminhada, natação, ciclismo) promovem a captação de glicose pelos músculos sem a necessidade de grandes quantidades de insulina, resultando na redução dos níveis glicêmicos.
✔️ Exercícios anaeróbicos (musculação, sprints, esportes de força) podem elevar temporariamente a glicose no sangue devido à liberação de hormônios contrarreguladores como adrenalina e cortisol.
✔️ Atividades prolongadas e de alta intensidade podem levar à queda da glicemia quando há depleção dos estoques de glicogênio muscular, aumentando o risco de hipoglicemia, especialmente em indivíduos que utilizam insulina.

Exercícios aeróbicos vs. anaeróbicos: qual a melhor escolha

Cada tipo de exercício promove uma resposta diferente no metabolismo da glicose, influenciando tanto o manejo glicêmico quanto o rendimento esportivo.

🔹 Exercícios aeróbicos (corrida, caminhada, pedalada, natação) aumentam a eficiência do transporte de glicose para os músculos, favorecendo a redução dos níveis glicêmicos durante e após a prática esportiva. Para pessoas com diabetes tipo 2, esse tipo de atividade é altamente recomendado, pois melhora a sensibilidade à insulina e reduz a resistência insulínica.

🔹 Exercícios anaeróbicos (musculação, treinos de explosão, esportes de força) estimulam a produção de hormônios como o cortisol e a adrenalina, que podem provocar um aumento transitório da glicemia. No entanto, a longo prazo, o fortalecimento muscular contribui para maior captação de glicose, reduzindo as oscilações glicêmicas.

Para equilibrar glicemia e esporte, especialistas recomendam a combinação de ambos os tipos de treino. O treinamento aeróbico ajuda no uso imediato da glicose, enquanto o treinamento anaeróbico melhora a reserva e a utilização da glicose a longo prazo, resultando em um manejo glicêmico mais estável e eficaz.

Monitoramento da glicemia antes, durante e após o exercício

Para manter a segurança durante a prática esportiva, recomenda-se o monitoramento frequente da glicemia. Algumas diretrizes incluem:

📌 Antes do treino:

  • Se a glicemia estiver abaixo de 100 mg/dL, é recomendado ingerir um lanche com carboidratos antes do exercício para evitar hipoglicemia.
  • Se estiver acima de 250 mg/dL, pode ser necessário adiar o treino e corrigir a glicemia para evitar cetose.

📌 Durante o treino:

  • Para exercícios prolongados, recomenda-se testar a glicemia a cada 30-45 minutos.
  • Sintomas como tontura, suor excessivo e confusão podem indicar uma queda glicêmica.

📌 Após o treino:

  • O efeito da atividade física pode durar horas. O risco de hipoglicemia noturna é maior após exercícios intensos.
  • Ingestão equilibrada de carboidratos e proteínas pode ajudar na recuperação.

Estratégias para equilibrar glicemia e esporte com segurança

Manter a glicemia estável durante a prática esportiva requer planejamento. Algumas estratégias incluem:

🛑 Ajuste da medicação: Pessoas que usam insulina podem precisar reduzir a dose antes do treino para evitar hipoglicemia.
🥗 Alimentação equilibrada: Carboidratos de digestão lenta antes do treino ajudam a manter os níveis estáveis.
💧 Hidratação adequada: A desidratação pode afetar a glicemia, aumentando o risco de complicações.
📊 Registro dos dados glicêmicos: Anotar os níveis antes e depois do exercício ajuda a identificar padrões e ajustar a rotina.

O impacto do tipo de exercício na glicemia

Diferentes tipos de exercício têm efeitos variados na glicemia. Estudos indicam que a combinação de aeróbico e resistência pode ser benéfica para o manejo glicêmico a longo prazo.

✔️ Caminhada pós-refeição: Reduz os picos glicêmicos após as refeições.
✔️ Treinamento de força: Melhora a sensibilidade à insulina e reduz a resistência à glicose.
✔️ Esportes de resistência (corrida, ciclismo): Podem exigir ajuste na ingestão de carboidratos para evitar hipoglicemia.

Pesquisas mostram que 30 minutos diários de atividade moderada já são suficientes para melhorar os índices glicêmicos e reduzir o risco de complicações do diabetes.

Alimentação pré e pós-exercício para manejo glicêmico

A nutrição atua na regulação da glicemia durante o exercício. Algumas recomendações incluem:

🍞 Antes do treino:

  • Alimentos com baixo índice glicêmico ajudam a fornecer energia de forma sustentada. Exemplos: aveia, iogurte natural, batata-doce.

🍗 Após o treino:

  • Combinar proteínas e carboidratos ajuda na recuperação muscular e na estabilização da glicose. Exemplos: ovos, frango, arroz integral.

Hipoglicemia e hiperglicemia durante o exercício: como evitar?

Hipoglicemia (glicose < 70 mg/dL)

🔹 Ocorre principalmente em exercícios prolongados ou após alta dose de insulina.
🔹 Pode causar tontura, fraqueza, visão turva e desmaio.
🔹 Solução: ingerir 15g de carboidratos rápidos (suco de laranja, glicose em gel).

Hiperglicemia (glicose > 250 mg/dL)

🔹 Pode ocorrer em exercícios anaeróbicos intensos.
🔹 Sintomas incluem sede excessiva, fadiga e visão turva.
🔹 Solução: hidratação adequada e, se necessário, ajuste na insulina.

O equilíbrio entre alimentação, ajuste de medicação e monitoramento glicêmico é essencial para evitar oscilações perigosas.

A relação entre glicemia e esporte é complexa, mas o exercício físico pode ser um grande aliado no gerenciamento da glicose, especialmente para indivíduos com diabetes. A prática regular de atividade física melhora a sensibilidade à insulina, reduz a resistência à glicose e contribui para o manejo metabólico a longo prazo.

Monitorar a glicemia antes, durante e após o treino, ajustar a alimentação e adaptar a medicação são estratégias essenciais para evitar hipoglicemia e hiperglicemia. Cada pessoa responde de maneira diferente ao exercício, por isso, é fundamental personalizar a abordagem com o apoio de profissionais de saúde.

O papel do exercício no manejo da glicemia no diabetes tipo 1 e tipo 2

A relação entre glicemia e esporte varia conforme o tipo de diabetes. No diabetes tipo 1, a necessidade de insulina é constante, e a prática esportiva pode provocar oscilações glicêmicas mais intensas. Já no diabetes tipo 2, onde há resistência à insulina, o exercício atua diretamente na melhora da captação de glicose pelos músculos, reduzindo os níveis no sangue.

Recomendações indicam que a prática regular de atividade física pode diminuir a necessidade de insulina em pessoas com diabetes tipo 1 e reduzir o uso de medicamentos para quem tem diabetes tipo 2. Além disso, a combinação de exercícios aeróbicos e de resistência melhora a sensibilidade à insulina, equilibrando os níveis glicêmicos de forma mais eficiente. 

Um estudo publicado no arXiv analisou a dinâmica da glicose em indivíduos com diabetes tipo 1 e demonstrou que a prática de exercícios físicos influencia diretamente a regulação da glicemia, auxiliando no desenvolvimento de sistemas automatizados para o manejo glicêmico 

A Sociedade Brasileira de Diabetes recomenda que pessoas com diabetes avaliem a glicemia antes, durante e após os treinos, ajustando a alimentação e a dosagem da insulina conforme a resposta individual ao exercício.

Atividade física intensa pode aumentar a glicemia? 

Embora a maioria dos exercícios físicos ajude a reduzir a glicemia, atividades de alta intensidade podem, em alguns casos, provocar um aumento nos níveis de glicose. Isso ocorre porque o corpo libera hormônios contrarreguladores (como adrenalina, glucagon e cortisol) para garantir energia rápida durante esforços intensos.

Esse fenômeno é mais comum em esportes de alta performance ou treinos intervalados de alta intensidade (HIIT). Em pessoas com diabetes tipo 1, pode haver um pico glicêmico logo após o exercício, seguido por uma queda posterior, aumentando o risco de hipoglicemia tardia.

Para equilibrar glicemia e esporte, recomenda-se monitorar os níveis glicêmicos antes do treino, ajustar a ingestão de carboidratos conforme a necessidade e garantir uma recuperação adequada com alimentos ricos em proteínas e carboidratos de absorção lenta.

A importância da regularidade no esporte 

A prática esportiva regular é mais importante do que a intensidade do treino para garantir um manejo eficaz da glicemia e do esporte. Segundo diretrizes médicas, 150 minutos de exercício moderado por semana são suficientes para melhorar a resposta à insulina e reduzir os níveis de glicose no sangue.

Estudos indicam que quem mantém uma rotina consistente de exercícios tem melhores níveis glicêmicos do que aqueles que treinam esporadicamente. Além disso, a regularidade na prática esportiva ajuda na manutenção do peso corporal e na prevenção de complicações associadas ao diabetes. O ideal é distribuir os treinos ao longo da semana, combinando atividades aeróbicas e de resistência para obter um efeito mais equilibrado na glicemia.

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