A importância da nutrição para diabetes: entenda melhor

Para pessoas com diabetes, a nutrição vai além do simples ato de se alimentar. É uma aliada no manejo da condição para alcançar qualidade de vida. Diversos estudos comprovam que a nutrição para diabetes adequada contribui para o manejo dos níveis de glicose no sangue. Dessa forma, previne complicações e promove a saúde a longo prazo.

A abordagem clínica da nutrição, nesse contexto, permite o desenvolvimento de um plano alimentar personalizado e baseado em evidências científicas. Mas, afinal, o que significa nutrição clínica? Por que ela é tão importante para quem convive com o diabetes? Para isso, é necessário entender o papel da alimentação no metabolismo e seu impacto direto no gerenciamento glicêmico e na saúde integral.

O papel da nutrição clínica no controle do diabetes

A nutrição clínica é uma abordagem que vai além das “dietas convencionais”. Aliás, os profissionais agora preferem utilizar o termo “plano alimentar”. Pois é cuidadosamente planejado para atender às necessidades específicas de cada paciente, levando em conta fatores como idade, estado de saúde, nível de atividade física e, claro, as particularidades do tipo de diabetes. Para pessoas com diabetes, isso significa monitorar não apenas a quantidade, mas também a qualidade dos carboidratos, proteínas e gorduras consumidos.

Um estudo publicado pela American Diabetes Association (ADA) destaca que uma alimentação controlada pode reduzir em até 1-2% a hemoglobina glicada (HbA1c). Ela é um dos principais indicadores de controle glicêmico. Isso pode parecer um número modesto, mas uma redução desse tipo representa um gerenciamento melhor da glicose no sangue, reduzindo o risco de complicações graves.

A nutrição clínica também é associada à redução de riscos de complicações cardiovasculares em pessoas com diabetes tipo 2 . Pode, inclusive, diminuir a necessidade de medicação para alguns pacientes. Pois, o diabetes é uma condição que impacta diretamente o sistema cardiovascular.  Portanto, uma abordagem nutricional precisa considerar esses fatores.

Dados e estudos relevantes sobre alimentação e diabetes

A alimentação tem um impacto na saúde de qualquer pessoa, mas, para quem convive com o diabetes, ela é essencial. Estudos recentes mostram que cerca de 75% das pessoas com diabetes tipo 2 apresentam algum tipo de complicação relacionada a estilo de vida e alimentação inadequada. Na pesquisa realizada pelo National Institute of Diabetes and Digestive and Kidney Diseases (NIDDK), os pacientes que seguiram um plano alimentar balanceado apresentaram uma redução de 25% no risco de complicações como neuropatia e retinopatia, duas condições frequentemente associadas ao diabetes descontrolado.

Outro dado vem de uma pesquisa conduzida pela Universidade de Glasgow, que demonstrou que uma alimentação balanceada pode, em alguns casos, promover a remissão do diabetes tipo 2. A pesquisa acompanhou pacientes por um período de dois anos.  Mostrou que a reeducação alimentar resultou na normalização dos níveis de glicose em 46% dos participantes, mostrando que, mesmo em casos mais avançados de diabetes tipo 2, a alimentação pode ter um impacto positivo significativo.

Como a alimentação afeta o manejo glicêmico

Os níveis de glicose no sangue de uma pessoa com diabetes podem ser altamente influenciados pela alimentação. Carboidratos, por exemplo, têm um impacto direto na glicose sanguínea, pois são convertidos em glicose após a digestão. No entanto, o índice glicêmico (IG) de cada alimento também influencia esse processo, sendo que carboidratos de baixo IG liberam glicose de maneira mais gradual e são mais indicados para quem tem diabetes.

Um estudo publicado na Revista Brasileira de Nutrição Clínica mostrou que planos alimentares compostos por alimentos de baixo IG ajudaram a manter os níveis de glicose mais estáveis ao longo do dia. Esses alimentos, como aveia, batata-doce e leguminosas, são excelentes para quem busca um controle mais rigoroso da glicemia.

Além disso, o impacto de uma alimentação rica em fibras e proteínas também foi estudado, e os resultados demonstraram que ambos são fundamentais para promover a saciedade, o controle de peso e a redução da necessidade de insulina em alguns pacientes. Esses nutrientes contribuem para uma digestão mais lenta, evitando picos e quedas bruscas de glicose.

Alimentos-chave para alimentação equilibrada

Uma alimentação adequada para o controle do diabetes não precisa ser monótona; pelo contrário, ela pode ser variada e saborosa. Para uma pessoa com diabetes, é indicado consumir carboidratos de baixo índice glicêmico, proteínas magras e gorduras saudáveis Confira alguns exemplos e seus benefícios:

  • Carboidratos de baixo índice glicêmico: Aveia, batata-doce e leguminosas, que ajudam a estabilizar os níveis de glicose no sangue e podem ser consumidos em quantidades moderadas.
  • Proteínas magras: Peixe, frango e tofu, que promovem saciedade e auxiliam no controle de peso, além de contribuírem para a saúde muscular e metabólica.
  • Gorduras saudáveis: Abacate, azeite de oliva e nozes, que são essenciais para a saúde cardiovascular e para a absorção de vitaminas lipossolúveis, algo importante para a nutrição de qualquer pessoa, especialmente aquelas com diabetes.

Estratégias de nutrição para diabetes

Além de escolher alimentos adequados, a nutrição para diabetes envolve a educação sobre horários das refeições, a distribuição de nutrientes ao longo do dia e a importância de lanches equilibrados. Dessa forma, evita picos e quedas bruscas de glicose. A Academia de Nutrição e Dietética recomenda que os pacientes com diabetes tenham acompanhamento regular para adaptar o plano alimentar conforme suas necessidades e condições de saúde evoluem.

A contagem de carboidratos é outra estratégia, especialmente para aqueles que usam insulina. Esse método permite monitorar a quantidade exata de carboidratos consumidos e ajustar a dosagem de insulina, quando necessário. Estudos mostram que pacientes que praticam a contagem de carboidratos têm melhor controle glicêmico e uma vida mais ativa.

Impacto do manejo de peso na saúde e bem-estar

Para muitos pacientes, o manejo de peso é um desafio e uma meta importante. O seu excesso é um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento do diabetes tipo 2 e também pode trazer complicações. .

Um estudo publicado na The Lancet Diabetes & Endocrinology mostrou que a perda de apenas 5-10% do peso corporal em pessoas com diabetes tipo 2 já resultou em melhorias substanciais no controle da glicose e na qualidade de vida.

Suporte profissional: educadores em diabetes

É preciso levar em conta também o acompanhamento com profissionais especializados. Nutricionistas com conhecimentos sobre o diabetes podem criar planos alimentares personalizados, levando em conta a rotina, preferências e condições específicas de cada paciente. Além disso, educadores em diabetes contribuem na orientação sobre a contagem de carboidratos, a leitura de rótulos e a escolha de alimentos em diversas situações do dia a dia.

Estudos mostram que pacientes com acesso a um time multidisciplinar têm melhores resultados de saúde a longo prazo, pois conseguem adotar uma abordagem completa e integrada para o controle do diabetes. A professora Deise Regina Baptista, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), doutora em Ciências Farmacêuticas, integrante do International Diabetes Center (MN) e  do Departamento de Nutrição da Sociedade Brasileira de Diabetes, diz que a educação nutricional é o pilar no manejo do diabetes

Segundo a educadora, a educação para autogestão do diabetes permite empoderar o paciente na busca por uma vida equilibrada e saudável. “Este processo de aprendizado visa não apenas informar, mas capacitar o paciente a tomar decisões informadas sobre seu autocuidado, promovendo a colaboração ativa com a equipe de saúde”, ressalta.

Ofertas e escolhas de alimentos

Regina explica que a alimentação depende tanto da oferta de alimentos quanto das escolhas pessoais, influenciadas por fatores como cultura, preferências e contexto socioeconômico. “A educação nutricional, portanto, não é um processo rápido ou simplista; requer tempo, paciência e mudanças internas graduais que só podem ser bem-sucedidas com o apoio de profissionais qualificados”, complementa. 

De acordo com ela, o aconselhamento dietético se estabelece como uma troca profunda entre o nutricionista e o paciente, que juntos exploram opções e traçam estratégias para o dia a dia. Assim, ao trabalhar com um nutricionista experiente e praticar a escuta ativa, o paciente é encorajado a participar ativamente e a tomar decisões informadas, que são fundamentais para a autogestão eficaz do diabetes.

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