O manejo integrado do diabetes é uma prática que, nos últimos anos, ganhou mais força. As novas diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), acompanhadas por recomendações da Associação Americana de Diabetes (ADA) e da Federação Internacional de Diabetes (IDF), apontam para a importância de um cuidado multidisciplinar.
Mais do que focar em níveis de glicose, essa abordagem considera aspectos emocionais, sociais e físicos do paciente. Dessa forma, promove qualidade de vida e o manejo mais sustentável do diabetes. Essa abordagem envolve o trabalho conjunto de endocrinologistas, nutricionistas, psicólogos e educadores físicos.
O que é o manejo integrado do diabetes?
O manejo integrado do diabetes busca unir várias especialidades para proporcionar ao paciente um tratamento mais completo e eficaz. As diretrizes da SBD e da ADA reforçam a necessidade de acompanhamento com profissionais de diferentes áreas, visando não só a gestão da glicemia, mas também a promoção de bem-estar físico e emocional.
Esse manejo propõe mudanças práticas e contínuas, que incluem desde o ajuste na alimentação e incentivo à prática regular de exercícios até o suporte psicológico para enfrentar o estresse e a ansiedade relacionados ao diagnóstico e à convivência com a condição.
Benefícios do manejo integrado
Estudos revelam que o manejo integrado do diabetes reduz complicações, além de melhorar os índices de qualidade de vida e reduzir o risco de comorbidades, como doenças cardíacas e renais. A seguir, veja alguns benefícios que fazem a diferença:
Redução do risco de complicações graves
Pacientes com acompanhamento multidisciplinar têm menor risco de desenvolver complicações cardiovasculares e renais, além de outras condições relacionadas ao diabetes.
Apoio psicológico
O suporte emocional é essencial para o controle do diabetes. Psicólogos ajudam os pacientes a desenvolver estratégias de enfrentamento, o que contribui para a adesão ao tratamento e reduz a incidência de transtornos emocionais.
Educação em autocuidado
Enfermeiros e educadores em diabetes trabalham para que os pacientes aprendam a monitorar seus níveis de glicose, controlar a alimentação e integrar hábitos saudáveis ao dia a dia.
Estudo de um modelo multidisciplinar sobre o manejo integrado do diabetes
O estudo “Enfoque Multidisciplinar ao Paciente Diabético: Avaliação do Impacto do ‘Staged Diabetes Management’ em um Sistema de Saúde Privado” foi conduzido no Centro de Diabetes do Hospital Nossa Senhora das Graças, em Curitiba, e publicado nos Arquivos Brasileiros de Endocrinologia e Metabologia.
Desde 1998, o modelo Staged Diabetes Management (SDM) – um guia desenvolvido pelo International Diabetes Center (Minneapolis, EUA) – vem sendo utilizado no treinamento de profissionais e no atendimento de pacientes com diabetes nesse hospital privado.
A equipe multiprofissional incluía endocrinologistas, nutricionistas, enfermeiras e assistente social, todos atuando de forma integrada para melhorar o controle do diabetes.
Durante o período de um ano, o estudo acompanhou 78 pacientes, dos quais 27 tinham diabetes tipo 1 e 51 diabetes tipo 2. Houve uma redução significativa na hemoglobina glicosilada dos pacientes, de uma média de 8,06%±2,25 para 7,49%±2,0 (p=0,045).
Este resultado sugere uma melhora no controle glicêmico ao longo do período de acompanhamento. A satisfação com o atendimento foi alta, com 80% dos pacientes relatando uma avaliação positiva do cuidado recebido.
O estudo aponta que o modelo SDM, ao ser implementado por uma equipe multidisciplinar e estruturado com algoritmos claros para o cuidado ao paciente, traz benefícios relevantes no gerenciamento glicêmico.
Esse modelo, adotado amplamente nos Estados Unidos, apresenta resultados consistentes na redução de complicações do diabetes e no aprimoramento da qualidade de vida do paciente, fortalecendo a ideia de que uma abordagem integrada e multiprofissional é essencial para o manejo do diabetes.
O papel da educação no manejo do diabetes
Para a Federação Internacional de Diabetes, a educação em diabetes é um dos pilares para o gerenciamento da condição. Pessoas que compreendem os efeitos do açúcar no sangue e os fatores que influenciam a glicemia – como alimentação, estresse e atividade física – são mais propensas a aderir ao tratamento.
No Brasil, o número de programas de educação em diabetes tem aumentado, e instituições como a SBD vêm fortalecendo essa iniciativa, reforçando que o conhecimento é uma ferramenta para o autocuidado.
Neles, são abordados aspectos com a personalização, o apoio psicólogico, alimentação, execícios e tecnologias.
1. A importância de uma abordagem personalizada
Cada indivíduo tem uma resposta única ao diabetes, o que exige personalização no tratamento. O manejo integrado permite criar um plano de cuidados adaptado a fatores como idade, nível de atividade física, histórico familiar, preferências alimentares e rotina.
Essa abordagem personalizada contribui para a eficácia do tratamento, reduzindo riscos de complicações e promovendo um bem-estar global. Além disso, a personalização auxilia a adesão ao tratamento, pois o paciente sente-se acolhido e respeitado em suas escolhas e desafios.
Segundo a ADA, planos personalizados aumentam em 20% a adesão e melhoram os índices de controle glicêmico.
2. Impacto psicológico e apoio emocional
A psicologia é outro aspecto importante no manejo integrado do diabetes. Segundo a ADA, até 40% dos pacientes com diabetes tipo 2 sofrem de ansiedade ou depressão, especialmente pela pressão contínua de gerenciar a condição.
O suporte emocional faz diferença, ajuda o paciente a manter o tratamento e melhorar a qualidade de vida.
No Brasil, a SBD reforça a importância da integração de psicólogos no cuidado ao paciente, apontando que o manejo adequado dos aspectos emocionais melhora os índices de sucesso no tratamento.
Esse acompanhamento permite que o paciente desenvolva resiliência e aprenda a lidar com o estresse, que é um dos fatores que influencia diretamente os níveis de glicose.
3. A abordagem nutricional como base do manejo integrado
O papel da nutrição no controle do diabetes é fundamental. Nutricionistas orientam os pacientes a escolher alimentos que ajudam a estabilizar os níveis de glicose, ao mesmo tempo que fornecem os nutrientes necessários para o organismo..
Nutricionistas também trabalham junto a educadores físicos, criando planos de alimentação que se adaptam à rotina de atividades físicas do paciente.
Estudos apontam que a prática regular de exercícios, quando aliada a uma alimentação balanceada, reduz o risco de complicações e ajuda a manter o peso.
4. Exercício físico e manejo glicêmico
A prática de atividades físicas regulares é amplamente recomendada por todas as diretrizes globais de manejo do diabetes. A SBD, a ADA e a IDF recomendam pelo menos 150 minutos semanais de exercício físico de intensidade moderada, como caminhada, bicicleta ou natação.
A atividade física contribui para o aumento da sensibilidade à insulina, permitindo que o corpo utilize a glicose de forma mais eficiente e evitando picos de glicemia.
Estudos indicam que o exercício físico regular reduz os níveis de glicose e ajuda a controlar o peso, fator essencial para evitar a progressão do diabetes e o surgimento de complicações.
5. Tecnologias no manejo integrado do diabetes
A tecnologia é uma aliada importante no manejo integrado do diabetes. Dispositivos como monitores contínuos de glicose (CGMs) e bombas de insulina ajudam a controlar os níveis de glicose em tempo real, permitindo ajustes rápidos e eficazes no tratamento.
Essas ferramentas também permitem um acompanhamento remoto por profissionais de saúde, o que contribui para uma resposta mais rápida a qualquer alteração.
Além disso, aplicativos de monitoramento e plataformas de telemedicina estão facilitando o acompanhamento dos pacientes, especialmente para aqueles que vivem em áreas remotas ou têm dificuldades de locomoção.
Segundo a SBD, a tecnologia tem potencial para revolucionar o manejo do diabetes, tornando-o mais acessível e integrado.
O manejo integrado do diabetes como o futuro do tratamento
O manejo integrado do diabetes representa o futuro do tratamento dessa condição, ao unir esforços de profissionais de diversas áreas para oferecer uma abordagem completa e personalizada.
Instituições como a SBD, a ADA e a IDF destacam que a combinação de suporte médico, nutricional, psicológico e de atividade física proporciona uma gestão mais sustentável da condição.
Esse modelo melhora não apenas o menejo glicêmico, mas também a qualidade de vida e o bem-estar emocional dos pacientes.
Ao focar na pessoa como um todo, e não apenas em seu diagnóstico, o manejo integrado reforça que o tratamento do diabetes deve ir além da medicação, promovendo uma vida mais saudável e plena para aqueles que convivem com a condição.
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