A resistência à insulina ocorre quando as células do corpo não respondem de forma eficiente a esse hormônio, que é produzido pelo pâncreas e tem a função de regular os níveis de glicose no sangue.
Quando as células perdem essa sensibilidade, o pâncreas é forçado a aumentar a produção de insulina para manter a glicose em níveis saudáveis.
Com o tempo, essa sobrecarga no sistema pode resultar em diversas complicações metabólicas, incluindo o desenvolvimento de pré-diabetes e, eventualmente, diabetes tipo 2.
Comumente ligada a fatores como obesidade, sedentarismo e alimentação inadequada, a resistência à insulina também pode ser influenciada por predisposições genéticas e condições médicas, como a síndrome dos ovários policísticos (SOP).
Embora muitas vezes silenciosa nos estágios iniciais, essa condição pode evoluir para problemas de saúde mais graves se não for tratada de maneira correta.
Qual é a função da insulina?
A insulina tem como função permitir que as células utilizem a glicose, proveniente dos alimentos, como fonte de energia. Quando comemos, os níveis de glicose no sangue aumentam, e o pâncreas libera insulina para ajudar as células a absorver essa glicose.
Além disso, impede o fígado de liberar mais glicose no sangue, mantendo os níveis equilibrados. Esse mecanismo é essencial para evitar picos de glicose, que podem ser prejudiciais ao organismo.
Os níveis de insulina podem variar ao longo do dia, especialmente após as refeições. No entanto, em jejum, os níveis normais de insulina no sangue geralmente variam entre 2,6 a 24,9 µU/mL (microunidades por mililitro).
Valores fora desse intervalo podem indicar problemas na resposta do corpo à insulina, sendo um dos sinais precoces de resistência à insulina ou outras condições metabólicas.
Qual a diferença entre insulina e glicose?
Insulina e glicose são componentes fundamentais do sistema metabólico, mas têm funções distintas. A glicose é um tipo de açúcar que serve como principal fonte de energia para o corpo.
A insulina, por outro lado, é um hormônio que facilita a entrada da glicose nas células, permitindo que ela seja utilizada como combustível.
Quando o sistema funciona corretamente, a insulina mantém os níveis de glicose no sangue equilibrados, mas quando há resistência à insulina, esse equilíbrio é comprometido, levando a um acúmulo de glicose no sangue.
Quando a insulina é considerada alta?
A insulina é considerada alta quando os níveis em jejum ultrapassam 24,9 µU/mL. Esse excesso no sangue, conhecido como hiperinsulinemia, é uma resposta do corpo. O pâncreas produz mais insulina para compensar a incapacidade das células de absorver a glicose de maneira eficiente.
Se essa condição persistir, pode aumentar o risco de desenvolvimento de diabetes tipo 2, doenças cardíacas, e outros problemas de saúde graves.
Existem alguns exames laboratoriais que podem ajudar a detectar a resistência à insulina. Esses testes medem diversos marcadores metabólicos, ajudando a entender como o corpo está reagindo:
1. Teste de Insulina em Jejum
O exame de insulina em jejum mede a quantidade de insulina no sangue após um período de jejum, geralmente de 8 a 12 horas. Níveis elevados de insulina em jejum podem indicar que o corpo está produzindo mais insulina do que o normal para compensar a resistência à insulina.
Valores normais: Entre 2,6 a 24,9 µU/mL.
Indicativo de resistência: Níveis superiores a 25 µU/mL podem sugerir resistência à insulina.
2. Glicemia de Jejum
Este é um dos exames mais comuns para avaliar a glicose no sangue após um jejum de pelo menos 8 horas. Embora não detecte diretamente a resistência à insulina, níveis elevados de glicose podem ser um sinal de que o corpo está tendo dificuldades para processar a glicose, possivelmente devido à resistência à insulina.
Valores normais: Inferiores a 99 mg/dL.
Indicativo de resistência: Valores entre 100 e 125 mg/dL indicam prédiabetes e sugerem resistência à insulina.
3. Hemoglobina Glicada (HbA1c)
O teste de hemoglobina glicada verifica a média dos níveis de glicose no sangue ao longo de 2 a 3 meses. Embora esse exame seja mais utilizado para diagnosticar diabetes, ele também pode ser útil para identificar resistência à insulina.
Valores normais: Inferiores a 5,7%.
Indicativo de resistência: Valores entre 5,7% e 6,4% sugerem prédiabetes, que está intimamente ligado à resistência à insulina.
4. Teste de Tolerância à Glicose Oral (TTGO)
O TTGO é um exame que avalia como o corpo lida com uma grande quantidade de glicose. Após um período de jejum, o paciente ingere uma solução açucarada, e os níveis de glicose e insulina no sangue são medidos em intervalos específicos, geralmente após 2 horas.
Valores normais de glicose após 2 horas: Inferiores a 140 mg/dL.
Indicativo de resistência: Níveis de glicose entre 140 e 199 mg/dL indicam prédiabetes, e níveis de glicose acima de 200 mg/dL indicam diabetes.
5. Índice HOMAIR (Homeostasis Model Assessment for Insulin Resistance)
O índice HOMAIR é uma fórmula matemática usada para estimar a resistência à insulina. Ele é calculado usando os níveis de glicose e insulina em jejum. O HOMAIR é uma ferramenta útil para determinar se a insulina está funcionando adequadamente.
Fórmula: HOMAIR = (Insulina em jejum x Glicose em jejum) ÷ 405 (glicose em mg/dL) ou ÷ 22,5 (glicose em mmol/L).
Valores normais: Menores que 2,9 indicam sensibilidade normal à insulina.
Indicativo de resistência: Valores superiores a 2,9 indicam resistência à insulina.
6. Perfil Lipídico (Colesterol e Triglicerídeos)
Embora não seja um exame direto para medir a resistência à insulina, o perfil lipídico pode fornecer pistas. A resistência à insulina está associada a níveis elevados de triglicerídeos e baixos níveis de colesterol HDL (“bom”).
Indicativo de resistência: Níveis de triglicerídeos acima de 150 mg/dL e HDL abaixo de 40 mg/dL em homens ou 50 mg/dL em mulheres podem sugerir resistência à insulina.
Esses exames ajudam médicos a diagnosticar e avaliar a condição, permitindo a implementação de intervenções para prevenir ou retardar o desenvolvimento de diabetes tipo 2. Se houver suspeita, o médico pode solicitar um ou mais desses testes para obter um diagnóstico completo.
Quais são os sintomas de resistência à insulina?
Nos estágios iniciais, a pessoa pode não apresentar sintomas claros, o que a torna uma condição silenciosa e perigosa. No entanto, alguns sinais podem surgir à medida que a condição progride, incluindo:
- Fadiga constante, mesmo após uma boa noite de sono
- Dificuldade em perder peso, especialmente gordura abdominal
- Aumento do apetite, especialmente por carboidratos e doces
- Manchas escuras na pele, especialmente em áreas como pescoço, axilas e virilhas (acantose nigricante)
- Sensação de fome frequente, mesmo após as refeições
- Aumento da circunferência abdominal
Esses sintomas, embora sutis, indicam que o corpo está lutando para processar a glicose de maneira eficaz, e podem ser um alerta para iniciar mudanças no estilo de vida e buscar orientação médica.
Qual a diferença entre pré-diabetes e resistência à insulina?
A resistência à insulina e o pré-diabetes estão intimamente ligados, mas não são a mesma coisa. A resistência à insulina é uma condição em que as células do corpo se tornam menos sensíveis à insulina.
O pré-diabetes, por outro lado, é um estágio em que os níveis de glicose no sangue estão elevados, mas ainda não altos o suficiente para serem diagnosticados como diabetes tipo 2. Em muitos casos, a resistência à insulina leva ao pré-diabetes, e se não for controlada, pode progredir para diabetes tipo 2.
Qual a melhor alimentação para quem tem resistência à insulina?
A alimentação é um dos fatores mais importantes no manejo da condição. Um plano alimentar equilibrado, rico em fibras e com baixo índice glicêmico, pode ajudar a melhorar a resposta do corpo à insulina. Algumas recomendações incluem:
- Alimentos ricos em fibras: Vegetais, frutas com baixo teor de açúcar (como maçã e pera), legumes, e grãos integrais.
- Proteínas magras: Peixes como salmão e atum, frango sem pele, e ovos.
- Gorduras saudáveis: Abacate, azeite de oliva, nozes e sementes.
- Carboidratos complexos: Batata doce, aveia, quinoa, e arroz integral.
Evitar alimentos ultraprocessados e açúcares refinados também é fundamental, pois eles podem causar picos de glicose e dificultar o gerenciamento da resistência à insulina.
O que uma pessoa com resistência à insulina não pode comer?
- Açúcares refinados: Balas, doces, refrigerantes e outros alimentos ricos em açúcar.
- Carboidratos simples: Pães brancos, massas refinadas e arroz branco.
- Alimentos ultraprocessados: Fast food, salgadinhos, biscoitos e alimentos embalados ricos em gordura trans e sódio.
- Bebidas adoçadas: Sucos industrializados, refrigerantes e bebidas energéticas.
Esses alimentos aumentam os níveis de glicose no sangue de forma rápida, exacerbando a resistência à insulina e aumentando o risco de complicações a longo prazo.