Qual a relação entre sono e diabetes? Entenda agora!

Sono e diabetes estão relacionados, e entender essa conexão é importante para quem convive com a condição. Pois, o sono influencia também os níveis de energia e o bem-estar de pessoas com diabetes tipo 1 ou tipo 2.

Uma preocupação comum é a sonolência excessiva durante o dia ou após as refeições, o que levanta a questão: o diabetes está relacionado com a sonolência excessiva? A resposta envolve uma complexa interação de fatores como níveis de glicose no sangue, produção de insulina e o estresse físico que a condição impõe.

Quando os níveis de glicose estão elevados, o corpo precisa trabalhar intensamente para processar esse excesso de açúcar, resultando em cansaço e sonolência, uma vez que a conversão de glicose em energia se torna menos eficiente.

Além disso, níveis elevados de glicose durante a noite podem comprometer a qualidade do sono, criando um ciclo onde o sono inadequado piora o controle glicêmico.

Outro aspecto relevante é a glicemia elevada durante o sono. Durante a noite, o corpo libera hormônios como o do crescimento, cortisol e glucagon, que podem aumentar os níveis de açúcar no sangue, um fenômeno conhecido como “fenômeno do amanhecer”. Isso pode ser um desafio adicional para manter o controle glicêmico.

Sentir sono constante ou cansaço extremo pode indicar descontrole glicêmico. Sintomas como falta de energia, confusão mental, sede excessiva e, em casos graves, visão turva e respiração ofegante, são comuns quando o açúcar no sangue está muito alto.

Portanto, é importante manter um bom controle glicêmico para assegurar energia durante o dia e um sono reparador à noite.

Como o sono afeta o diabetes?

Pessoas com diabetes, especialmente o tipo 2, podem enfrentar dificuldades extras relacionadas ao sono. A privação de sono afeta a forma como o corpo processa a insulina, o que pode resultar em aumento da resistência à insulina – uma das principais características do diabetes tipo 2.

Aqui estão alguns dos efeitos específicos da falta de sono ou da baixa qualidade do sono para quem tem diabetes:

Aumento da resistência à insulina

Quando uma pessoa não dorme o suficiente, o corpo produz mais hormônios do estresse, como o cortisol, que interfere na capacidade das células de responder à insulina. Isso resulta em níveis elevados de glicose no sangue, dificultando o controle da diabetes.

Desequilíbrio hormonal

A privação do sono também pode alterar os níveis de hormônios que regulam o apetite, como a grelina (que aumenta o apetite) e a leptina (que sinaliza saciedade). Isso pode levar a um aumento na ingestão calórica, muitas vezes de alimentos ricos em carboidratos e açúcares, elevando ainda mais os níveis de glicose no sangue.

Inflamação crônica

A falta de sono contribui para processos inflamatórios no corpo, que podem piorar a resistência à insulina e aumentar o risco de complicações associadas ao diabetes, como doenças cardíacas e danos nos nervos.

Alterações no controle da glicose

Pessoas que sofrem de insônia, apneia do sono ou outros distúrbios do sono podem ter flutuações mais frequentes nos níveis de glicose, com maior risco de hiperglicemia (açúcar elevado no sangue) ou hipoglicemia (açúcar muito baixo no sangue), especialmente à noite.

Distúrbios do sono comuns em pessoas com diabetes

Muitas pessoas com diabetes também enfrentam distúrbios do sono específicos que podem agravar o descontrole glicêmico. Aqui estão os mais comuns:

Apneia Obstrutiva do Sono (AOS)

A apneia do sono é um distúrbio no qual a respiração é interrompida repetidamente durante o sono, resultando em noites mal dormidas e fadiga diurna. Pessoas com diabetes tipo 2 são mais propensas a ter apneia do sono, especialmente se estiverem acima do peso. A falta de oxigenação adequada durante o sono aumenta os níveis de estresse no corpo, levando a um aumento nos níveis de glicose.

Sintomas

Ronco alto, engasgos durante o sono, cansaço excessivo durante o dia, dificuldade de concentração.

Impacto no diabetes

A apneia não tratada está associada a um aumento na resistência à insulina e no risco de complicações cardiovasculares, comuns em diabéticos.

Síndrome das Pernas Inquietas (SPI)

A síndrome das pernas inquietas é caracterizada por uma sensação de desconforto nas pernas e uma necessidade incontrolável de movê-las, especialmente durante a noite. Isso pode interromper o sono, tornando difícil alcançar um sono profundo e reparador.

Sintomas

Sensação de formigamento ou desconforto nas pernas, especialmente à noite, que é aliviada pelo movimento.

Impacto no diabetes

A falta de sono profundo prejudica o controle glicêmico, e a SPI é mais comum em pessoas com neuropatia diabética.

Hipoglicemia Noturna

A hipoglicemia (queda de açúcar no sangue) durante a noite pode despertar uma pessoa com diabetes de forma repentina, causando suor, tremores e sensação de fome. Esses episódios interrompem o sono e podem deixar o indivíduo mais propenso a episódios de hiperglicemia ao longo do dia.

Sintomas

Sudorese, tremores, sensação de fraqueza e confusão durante a noite.

Impacto no diabetes

As flutuações nos níveis de glicose durante a noite dificultam o controle geral da glicemia.

A relação entre sono e complicações do diabetes

Distúrbios do sono não afetam apenas o controle diário dos níveis de glicose, mas também podem contribuir para o desenvolvimento de complicações a longo prazo. Aqui estão algumas áreas onde o sono inadequado pode ter um impacto significativo:

  • Doenças Cardiovasculares: A falta de sono aumenta o risco de hipertensão, doenças cardíacas e derrames, condições que já são mais prevalentes em pessoas com diabetes.
  • Neuropatia Diabética: O sono de má qualidade pode exacerbar a dor neuropática, que é comum em pacientes com diabetes que têm danos nos nervos periféricos.
  • Retinopatia Diabética: O sono insuficiente também está associado a uma maior incidência de problemas de visão em pessoas com diabetes.

6 Dicas para melhorar a qualidade do sono

Embora o diabetes possa tornar o sono um desafio, existem várias estratégias que podem ajudar a melhorar a qualidade do sono e, consequentemente, o controle glicêmico. Aqui estão algumas dicas práticas:

1. Mantenha um horário regular de sono

Manter uma rotina consistente de sono, indo para a cama e acordando no mesmo horário todos os dias, ajuda a regular o ritmo circadiano do corpo. Isso facilita o adormecer e melhora a qualidade do sono.

2. Crie um ambiente favorável ao sono

O ambiente do quarto deve ser confortável, escuro e silencioso. Invista em um bom colchão e travesseiros, e tente manter a temperatura agradável. Evite dispositivos eletrônicos pelo menos uma hora antes de dormir, pois a luz azul emitida por telas pode interferir na produção de melatonina, o hormônio que induz o sono.

3. Monitore os níveis de glicose antes de dormir

Monitore sua glicemia regularmente antes de dormir para evitar episódios de hipoglicemia ou hiperglicemia durante a noite. Se os níveis de glicose estiverem baixos, um pequeno lanche antes de dormir pode ajudar a mantêlos estáveis durante a noite.

4. Exercícios físicos regulares

A prática regular de exercícios melhora a sensibilidade à insulina e ajuda a regular o sono. No entanto, evite atividades físicas intensas próximas ao horário de dormir, pois isso pode interferir no sono.

5. Controle o estresse

Técnicas de relaxamento, como meditação, respiração profunda ou ioga, podem ajudar a reduzir o estresse, que muitas vezes interfere no sono e no controle glicêmico.

6. Consulte um médico para distúrbios do sono

Se você suspeitar que tem apneia do sono, síndrome das pernas inquietas ou outro distúrbio, consulte seu médico para uma avaliação. O tratamento desses distúrbios pode melhorar a qualidade do sono e, consequentemente, o gerenciamento do diabetes.

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