Saiba mais sobre interação medicamentosa em caso de diabetes

A interação medicamentosa em casos de diabetes é uma preocupação. Com o uso, às vezes, de múltiplos medicamentos no manejo da condição e outras complicações associadas, como hipertensão e colesterol alto, é necessário compreender como esses remédios podem interagir para garantir um tratamento seguro.

Mas o que é interação medicamentosa? Ela ocorre quando dois ou mais medicamentos, ao serem usados em conjunto, afetam a eficácia ou a segurança um do outro. 

Essas interações podem aumentar ou reduzir os efeitos esperados dos remédios, ou até causar reações adversas. No caso das pessoas com diabetes, podem influenciar diretamente o controle dos níveis de glicose no sangue.

Por que as pessoas com diabetes devem ter atenção redobrada?

Pessoas com diabetes, muitas vezes, precisam tomar medicamentos para gerenciar os níveis de glicose, como insulina ou antidiabéticos orais, e também para outras condições, como hipertensão, colesterol elevado ou problemas renais. Essa combinação de tratamentos pode aumentar o risco de interação medicamentosa em casos de de diabetes indesejada, impactando a saúde.

Por exemplo, alguns medicamentos podem interferir no manejo da glicemia, tanto elevando quanto reduzindo os seus níveis. Remédios para tratar a hipertensão, como diuréticos, têm ação direta e podem ocasionar flutuações nos índices de açúcar no sangue. Além disso, o uso de certos anti-inflamatórios pode aumentar o risco de hiperglicemia ou prejudicar a função renal, que já é uma preocupação comum entre pessoas com diabetes.

Estudo investiga interação medicamentosa

Um estudo realizado em Porto, Portugal, investigou as potenciais interações medicamentosas em pacientes com dislipidemia e/ou diabetes, usando o método observacional transversal com base em 101 prescrições de farmácias As prescrições foram analisadas utilizando a base de dados Micromedex Healthcare Systems®, o que permitiu uma avaliação detalhada dos riscos associados.

Segundo a pesquisa, o aumento na disponibilidade de medicamentos tem elevado a probabilidade de interação medicamentosa em casos de diabetes, já que a administração simultânea de dois ou mais medicamentos se tornou prática comum. Elas tendem a crescer proporcionalmente ao número de remédios prescritos, aumentando a complexidade do tratamento, especialmente para pacientes com múltiplas condições de saúde. Embora a maioria dos estudos sobre interações medicamentosas (IMs) seja realizada em ambientes hospitalares, há uma falta de investigação sobre esse fenômeno no contexto comunitário.

A média de idade dos pacientes foi de 67,6 anos, destacando a alta prevalência de IMs entre os idosos, que frequentemente enfrentam a tríade iatrogênica: polifarmácia, uso de medicamentos potencialmente inadequados e interações medicamentosas. As IMs foram classificadas em três categorias: “major”, que representam risco de morte ou requerem intervenção médica urgente; “moderadas”, que agravam as condições clínicas e podem exigir alteração da terapia; e “minor”, que têm efeitos clínicos limitados, sem necessidade de mudanças no tratamento.

Riscos elevados para a saúde

Entre as 101 prescrições analisadas, o risco de interações medicamentosas foi identificado em 50 casos, sendo que mais de um quarto dessas prescrições apresentava risco de IMs do tipo major. Em 18 prescrições, foi identificado risco simultâneo de interações major e moderadas, com o número de interações moderadas variando até 6 por prescrição. As IMs major, embora menos frequentes, não ultrapassaram 2 por prescrição.

Diversos grupos de medicamentos amplamente utilizados foram responsáveis por múltiplas IMs, incluindo ácido acetilsalicílico, antidiabéticos orais, bloqueadores beta, diuréticos, inibidores da enzima de conversão da angiotensina e insulina. Entre esses, o ácido acetilsalicílico se destacou por ser o medicamento mais envolvido em interações do tipo major. 

Quais remédios pessoas com diabetes não devem tomar? 

As pessoas com diabetes precisam tomar cuidado ao usar certos medicamentos, pois eles podem impactar no manejo da sua condição e causar outros problemas de saúde. Por isso, é importante que a equipe médica sempre saiba todos os remédios usados pelo paciente, mesmo aqueles sem prescrição médica.

Dessa forma, os profissionais poderão avaliar se há ou não possibilidade de interação medicamentosa em casos de diabetes e propor trocas ou mesmo mudança no tratamento. Abaixo estão as principais classes de medicamentos que exigem atenção e suas interações mais comuns.

Classes de medicamentos e suas interações

  • Antidiabéticos orais e insulina: O uso combinado de diferentes medicamentos para controle glicêmico, como metformina, sulfonilureias e insulina, pode potencializar o efeito e causar hipoglicemia. Monitoramento cuidadoso é essencial, especialmente ao usar múltiplos agentes.
  • Antiinflamatórios não esteroidais (AINEs): Frequentemente usados para dor e inflamação, esses medicamentos podem prejudicar o controle da glicemia e afetar a função renal, o que é preocupante para pessoas com diabetes, especialmente em uso prolongado.
  • Betabloqueadores (como propranolol, atenolol): Usados para tratar hipertensão e problemas cardíacos, podem mascarar os sintomas de hipoglicemia (como tremores e palpitações), dificultando a percepção de uma queda acentuada nos níveis de glicose.
  • Diuréticos (como hidroclorotiazida e furosemida): Usados para hipertensão e insuficiência cardíaca, alguns diuréticos podem aumentar os níveis de açúcar no sangue, dificultando o controle do diabetes.
  • Estatinas: Utilizadas para controlar o colesterol, estatinas podem ter interações com medicamentos para diabetes, aumentando o risco de efeitos adversos, embora geralmente sejam seguras quando monitoradas.
  • Corticosteroides (como prednisona): Usados para tratar inflamações e alergias, podem aumentar os níveis de glicose, especialmente com o uso prolongado.
  • Antidepressivos (como fluoxetina e sertralina): Esses medicamentos podem alterar os níveis de glicose no sangue, tanto aumentando quanto diminuindo, e podem promover ganho de peso, afetando o controle do diabetes.
  • Contraceptivos orais: Em algumas mulheres com diabetes, contraceptivos podem elevar os níveis de glicose no sangue, exigindo monitoramento individualizado.
  • Antipsicóticos (como olanzapina e clozapina): Usados para condições psiquiátricas, podem causar ganho de peso e aumentar o risco de diabetes tipo 2, além de desregular os níveis de glicose em diabéticos.
  • Descongestionantes nasais (como pseudoefedrina): Medicamentos para resfriados ou alergias podem elevar a glicose e a pressão arterial, sendo necessários cuidados em diabéticos.
  • Esteroides anabolizantes: Esses medicamentos podem aumentar os níveis de glicose no sangue e dificultar o controle do diabetes.
  • Niacina (vitamina B3) em altas doses: Utilizada para tratar colesterol alto, altas doses podem aumentar os níveis de glicose no sangue.
  • Certos antibióticos (como fluoroquinolonas): Alguns antibióticos, como ciprofloxacino e levofloxacino, podem causar tanto hipoglicemia quanto hiperglicemia, exigindo acompanhamento rigoroso.

 Dicas para evitar interação medicamentosa

  1. Informe todos os medicamentos ao médico: Sempre que consultar um novo profissional de saúde, informe sobre todos os medicamentos que está tomando, inclusive aqueles sem prescrição médica, como suplementos ou vitaminas.
  2. Siga as orientações médicas rigorosamente: Nunca altere as doses ou suspenda o uso de um medicamento sem orientação médica. Alterações sem supervisão podem levar a complicações graves.
  3. Monitore os níveis de glicose regularmente: Acompanhar os níveis de glicose no sangue com regularidade permite identificar alterações que possam ser resultado de interações medicamentosas.
  4. Converse com seu farmacêutico: Farmacêuticos são especialistas em medicamentos e podem ajudar a identificar possíveis interações. Sempre consulte-os ao iniciar um novo tratamento.

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