O hipotireoidismo é uma condição que afeta milhares de pessoas no mundo, muitas vezes, sem que elas saibam. Caracterizado pela produção insuficiente de hormônios pela glândula tireoide, impacta na qualidade de vida e o bem-estar das pessoas.
No Brasil, dados específicos sobre a prevalência do hipotireoidismo são limitados. No entanto, estudos indicam que a condição é particularmente comum entre mulheres e idosos no país. Além disso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que doenças tireoidianas, incluindo o hipotireoidismo, afeta mais de 750 milhões de pessoas em todo o mundo.
Ao mesmo tempo, é uma condição tratável e, quando gerenciada adequadamente, permite que as pessoas levem uma vida saudável. A conscientização sobre os sintomas e a realização de exames regulares são fundamentais para o diagnóstico e tratamento adequados dessa condição.
O que é o hipotireoidismo?
A glândula tireoide, localizada na base do pescoço, é responsável pela produção de hormônios que regulam diversas funções no organismo. Esses hormônios, como o T3 (triiodotironina) e o T4 (tiroxina), controlam o metabolismo – ou seja, o modo como o corpo transforma alimentos em energia. Quando a tireoide não produz hormônios em quantidade suficiente, ocorre o que chamamos de hipotireoidismo.
O impacto dessa condição pode ser sentido em várias áreas da vida, desde a energia e o humor até o peso e a digestão. É uma condição que, apesar de comum, muitas vezes é subdiagnosticada devido à variedade de sintomas, que podem ser confundidos com outras questões de saúde.
Causas do hipotireoidismo
Tireoidite de Hashimoto
Uma das causas mais comuns de hipotireoidismo é a tireoidite de Hashimoto, uma doença autoimune em que o sistema imunológico ataca as células da tireoide, impedindo-a de funcionar corretamente. Embora a causa exata dessa reação autoimune ainda não seja totalmente compreendida, fatores genéticos e ambientais parecem desempenhar um papel importante.
Deficiência de iodo
O iodo é um elemento essencial para a produção dos hormônios da tireoide. Em algumas regiões do mundo, a deficiência de iodo na alimentação é uma causa importante de hipotireoidismo. No Brasil, onde o sal de cozinha é suplementado com iodo, essa é uma causa menos comum, mas não pode ser totalmente descartada.
Tratamentos para o hipertireoidismo
Pessoas que foram tratadas para hipertireoidismo (excesso de hormônio da tireoide) podem desenvolver hipotireoidismo como efeito colateral. Procedimentos como cirurgia para retirada parcial ou total da tireoide e o uso de iodo radioativo podem reduzir a capacidade da glândula de produzir hormônios suficientes.
Cirurgia da tireoide
A remoção cirúrgica da tireoide, total ou parcial, também leva ao hipotireoidismo. Em alguns casos, a cirurgia é necessária para tratar nódulos ou câncer na tireoide, mas o resultado é uma redução ou eliminação da produção hormonal.
Outros fatores e condições
Além das causas principais, outros fatores também podem contribuir para o desenvolvimento de hipotireoidismo, como histórico familiar, doenças autoimunes, tratamento com certos medicamentos (como lítio ou amiodarona) e, em casos mais raros, problemas na glândula pituitária, que é responsável pelo estímulo à tireoide.
Sintomas do hipotireoidismo
Os sintomas do hipotireoidismo são variados e podem se manifestar de maneira leve a intensa, dependendo de quanto tempo a pessoa está com a condição e de como o metabolismo foi afetado. É importante ressaltar que o diagnóstico precoce minimiza esses impactos.
Cansaço e fadiga
O cansaço é um dos sintomas mais relatados por quem vive com hipotireoidismo. Mesmo após uma boa noite de sono, a pessoa pode se sentir sem energia e com uma sensação constante de fadiga.
Ganho de peso
O metabolismo desacelerado leva ao ganho de peso, mesmo sem mudanças na alimentação ou na rotina de exercícios. Essa é uma preocupação comum e pode impactar a autoestima e o bem-estar.
Sensibilidade ao frio
Como o metabolismo desacelera, o corpo tem mais dificuldade em manter a temperatura. Pessoas com hipotireoidismo podem sentir frio constantemente, mesmo em ambientes com temperatura agradável.
Pele seca e cabelo quebradiço
A pele e o cabelo também são afetados pela baixa produção de hormônios. A pele pode se tornar seca, áspera e até escamosa, enquanto o cabelo tende a ficar fraco, fino e quebradiço.
Alterações no humor
A falta de hormônios tireoidianos afeta o sistema nervoso, o que pode levar a sintomas como depressão, ansiedade, dificuldade de concentração e lapsos de memória. É importante reconhecer que esses sinais não são apenas emocionais, mas refletem o impacto físico da condição.
Alterações menstruais
Em mulheres, o hipotireoidismo pode causar irregularidades menstruais e, em casos mais graves, até infertilidade. Mulheres em idade fértil devem estar atentas a mudanças no ciclo menstrual como possível sinal de problemas na tireoide.
Constipação
O funcionamento mais lento do corpo também afeta o sistema digestivo, levando a uma constipação crônica que pode ser difícil de tratar com apenas ajustes na alimentação.
Como é feito o diagnóstico do hipotireoidismo?
O diagnóstico do hipotireoidismo é feito através de exames de sangue, que medem os níveis de TSH (hormônio estimulante da tireoide) e de hormônios tireoidianos (T3 e T4). Um nível elevado de TSH, acompanhado de baixos níveis de T3 e T4, geralmente indica a presença de hipotireoidismo.
Além dos exames laboratoriais, o médico também leva em conta os sintomas relatados pelo paciente e o histórico familiar. Em alguns casos, o médico pode solicitar uma ultrassonografia da tireoide para avaliar o tamanho e a presença de nódulos ou inflamações.
Diretrizes da SBEM
A Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) estabelece diretrizes específicas para o diagnóstico e tratamento do hipotireoidismo, visando padronizar e otimizar o manejo dessa condição.
Diagnóstico
Avaliação Laboratorial: A dosagem do hormônio estimulador da tireoide (TSH) é o principal exame para diagnosticar disfunções tireoidianas. Níveis elevados de TSH, associados a concentrações reduzidas de T4 livre, indicam hipotireoidismo primário.
Triagem Populacional: Recomenda-se a dosagem de TSH a cada cinco anos em indivíduos com 35 anos ou mais, especialmente em grupos de risco, como mulheres grávidas, pessoas com histórico familiar de doenças autoimunes e pacientes que receberam radioterapia na região cervical.
Tratamento
Reposição hormonal: A terapia padrão envolve a administração diária de levotiroxina, um hormônio tireoidiano sintético que normaliza os níveis hormonais e restaura o metabolismo adequado.
Acompanhamento e ajuste de dose: O indicado é a gestão regular dos níveis de TSH para ajustar a dosagem de levotiroxina, garantindo a eficácia do tratamento e evitando efeitos colaterais.
Considerações especiais: Em gestantes, o gerenciamento mais cuidadoso dos níveis hormonais é primordial para o desenvolvimento fetal saudável. A SBEM enfatiza a importância do diagnóstico precoce e do tratamento adequado durante a gravidez.
Tratamento do hipotireoidismo
O tratamento do hipotireoidismo envolve a reposição dos hormônios tireoidianos através de medicamentos. A levotiroxina, um hormônio sintético semelhante ao T4, é o mais utilizado. O objetivo é equilibrar os níveis hormonais para que o organismo volte a funcionar normalmente.
- A importância da dosagem correta: Encontrar a dosagem ideal de levotiroxina é um processo personalizado. Cada pessoa responde de maneira única ao medicamento, por isso o acompanhamento médico é tão necessário. O ajuste da dosagem é feito com base nos resultados de exames periódicos de sangue, que verificam se o TSH está dentro da faixa desejada.
- Cuidados na rotina com a medicação: Para que o medicamento tenha a eficácia desejada, ele deve ser tomado em jejum, cerca de 30 minutos antes do café da manhã, com um copo de água. Outros medicamentos e alimentos, especialmente os ricos em cálcio e ferro, podem interferir na absorção da levotiroxina, então é recomendado aguardar pelo menos quatro horas entre a ingestão desses itens.
- Mudanças no estilo de vida: Além da medicação, algumas mudanças no estilo de vida podem ajudar a controlar os sintomas. Uma alimentação equilibrada e a prática regular de exercícios são aliados importantes para manter o peso, melhorar a disposição e reduzir o impacto da condição.
Vivendo com o hipotireoidismo
Viver com hipotireoidismo requer adaptações e conscientização, mas com o tratamento adequado é possível manter uma rotina normal e satisfatória. É importante que a pessoa se informe sobre a condição e busque apoio, especialmente nos períodos iniciais do diagnóstico, quando é comum sentir-se sobrecarregado com tantas mudanças.
Importância do acompanhamento médico
Mesmo após o ajuste da dosagem da medicação, recomenda-se manter o acompanhamento médico regular. Os níveis de TSH e hormônios tireoidianos podem variar ao longo do tempo, exigindo novos ajustes na dosagem. Esse acompanhamento também ajuda a identificar e tratar possíveis efeitos colaterais da medicação.
O hipotireoidismo é uma condição comum e tratável. Com o diagnóstico correto e o tratamento adequado, é possível ter qualidade de vida e gerenciar bem os sintomas. Informar-se sobre o próprio corpo, buscar ajuda e compartilhar experiências são passos importantes para viver bem com o hipotireoidismo.
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