A obesidade é uma condição caracterizada pelo acúmulo anormal ou excessivo de gordura corporal, com impacto direto sobre o metabolismo e a saúde geral. No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, a prevalência de obesidade aumentou de 12,2% para 22,4% entre 2006 e 2023, com tendência crescente em todas as faixas etárias.
A sua classificação leva em conta o Índice de Massa Corporal (IMC), mas envolve também fatores genéticos, hormonais, ambientais e comportamentais. A condição está relacionada ao aumento de risco para condições crônicas, como diabetes tipo 2, hipertensão, dislipidemia, apneia do sono e certos tipos de câncer.
Apesar de ser um problema de saúde pública, a obesidade ainda é cercada de estigmas. Isso interfere no diagnóstico precoce, na adesão ao tratamento e no acesso adequado aos serviços de saúde.
O que é obesidade e o que causa? 🤔
A obesidade é uma condição crônica caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura corporal. Esse excesso compromete funções metabólicas e aumenta o risco de diversas doenças crônicas.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a obesidade é hoje um dos maiores desafios globais de saúde pública. No Brasil, dados do Vigitel 2023 mostram que 22,4% da população adulta vive com obesidade — um salto significativo em pouco mais de uma década.
Como a obesidade é classificada?
O principal critério para diagnóstico é o Índice de Massa Corporal (IMC), calculado com a fórmula:
IMC = peso (kg) / altura² (m)
De acordo com o Ministério da Saúde, os valores de referência são:
- IMC entre 25 e 29,9: sobrepeso
- IMC a partir de 30: obesidade
- IMC ≥ 40: obesidade grave ou obesidade grau 3
⚠️ O IMC não avalia distribuição de gordura, por isso pode ser complementado por outras medidas, como circunferência abdominal e composição corporal.
Quais são as causas?
A obesidade não tem uma única causa. É resultado de múltiplos fatores que atuam em conjunto, como:
- Predisposição genética
- Desequilíbrios hormonais
- Padrões alimentares inadequados
- Sedentarismo
- Fatores emocionais e psicológicos
- Uso prolongado de certos medicamentos
- Ambiente obesogênico
Esse ambiente inclui locais com oferta abundante de alimentos ultraprocessados, falta de espaços para atividade física e rotina de sono irregular. Segundo a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso), esses fatores dificultam o manejo do peso, mesmo quando há esforço individual.
Obesidade é só questão de “comer demais”?
Não. A visão simplista de que obesidade é causada apenas pelo excesso de comida ignora fatores estruturais. A Obesidade Brasil reforça que nem todas as pessoas com obesidade comem mais do que as demais — muitas enfrentam desequilíbrios hormonais, traumas, disfunções metabólicas e barreiras ao acesso a uma alimentação adequada.
📌 Importante: esse estigma prejudica o acesso ao cuidado e afasta muitas pessoas do diagnóstico precoce.
Por que entender as causas é importante?
Conhecer os fatores permite abordagens mais precisas e individualizadas. Isso evita julgamentos e amplia a efetividade de políticas públicas de prevenção e tratamento.
Além disso, melhora o acolhimento clínico, reduz estigmas e possibilita que estratégias como mudanças no plano alimentar, atividade física regular e uso racional de medicamentos sejam adotadas com mais sucesso.
Quantos kg é obeso? ⚖️
A obesidade não é definida apenas pelo número de quilos. O critério mais utilizado para diagnosticar a condição é o Índice de Massa Corporal (IMC). Ele permite avaliar a relação entre o peso e a altura da pessoa.
Como calcular o IMC?
A fórmula é simples:
IMC = peso (kg) ÷ altura² (m)
Por exemplo:
Uma pessoa com 1,70 m e 90 kg tem um IMC de:
90 ÷ (1,70 × 1,70) = 31,1
Esse valor já indica obesidade grau 1, segundo os critérios da Organização Mundial da Saúde.
A partir de quantos quilos a obesidade é identificada?
Não existe um número fixo de quilos que a define. O peso que indica obesidade depende da altura da pessoa.
Veja alguns exemplos aproximados:
- 1,60 m de altura → obesidade a partir de 77 kg
- 1,65 m de altura → obesidade a partir de 81 kg
- 1,70 m de altura → obesidade a partir de 87 kg
- 1,75 m de altura → obesidade a partir de 92 kg
- 1,80 m de altura → obesidade a partir de 97 kg
Esses valores consideram o IMC ≥ 30, ponto de corte para o diagnóstico de obesidade.
Peso e saúde: por que não basta olhar a balança?
O peso corporal isolado não reflete a composição do corpo. Uma pessoa com alta massa muscular pode ter um IMC elevado, mas sem excesso de gordura. Por isso, profissionais de saúde também avaliam:
- Circunferência abdominal
- Percentual de gordura corporal
- Distribuição de gordura (tronco, membros, etc.)
Segundo o Ministério da Saúde, esses fatores complementares são importantes para o diagnóstico mais preciso, especialmente em adultos e idosos.
IMC e risco metabólico
A associação entre obesidade e doenças crônicas começa a ser mais expressiva a partir do IMC 30. Quanto maior o valor, maior o risco de complicações como:
- Diabetes tipo 2
- Hipertensão arterial
- Dislipidemias
- Apneia do sono
- Síndrome metabólica
Além disso, está relacionada a maior risco de mortalidade por doenças cardiovasculares e certos tipos de câncer, segundo dados da Abeso.
Quais são os 4 tipos de obesidade?
A obesidade pode se manifestar de diferentes formas no organismo. Essa distinção é importante porque influencia o risco de complicações metabólicas e a escolha do tratamento mais adequado.
A literatura médica descreve quatro tipos principais, com base em padrões de distribuição de gordura, perfil metabólico e causas associadas.
1. Obesidade androide (ou central) 🧍♂️
Também chamada de “forma em maçã”, esse tipo de obesidade é caracterizado pelo acúmulo de gordura na região abdominal e no tronco.
- Mais comum em homens.
- Associada ao aumento da circunferência abdominal.
- Está fortemente relacionada ao risco de doenças cardiovasculares, resistência à insulina e síndrome metabólica.
📌 A obesidade androide é considerada a forma com maior risco metabólico.
2. Obesidade ginecoide (ou periférica) 🧍♀️
Conhecida como “forma em pera”, apresenta acúmulo de gordura principalmente nos quadris, glúteos e coxas.
- Mais comum em mulheres.
- Associada a menor risco cardiovascular.
- Pode ter impacto sobre as articulações inferiores devido ao peso localizado.
Apesar do risco metabólico ser menor que na forma central, a obesidade ginecoide também exige acompanhamento e manejo adequado.
3. Obesidade sarcopênica
Esse tipo ocorre quando há perda de massa muscular associada ao acúmulo de gordura corporal.
- Mais comum em idosos, mas pode ocorrer em adultos com sedentarismo severo.
- A sarcopenia agrava a fraqueza muscular, eleva o risco de quedas e limita a mobilidade.
- É considerada uma condição grave, especialmente quando associada a doenças crônicas.
Segundo a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, a obesidade sarcopênica exige um plano terapêutico que combine nutrição adequada e atividade física progressiva.
4. Obesidade metabólica saudável
É o tipo em que a pessoa apresenta obesidade pelo IMC, mas sem alterações metabólicas aparentes, como glicemia elevada, dislipidemia ou hipertensão.
- Pode ocorrer em pessoas com boa aptidão cardiorrespiratória.
- Os exames laboratoriais se mantêm normais.
- Ainda assim, o risco cardiovascular a longo prazo não é nulo.
📌 Esse grupo exige monitoramento contínuo, pois parte dos indivíduos pode evoluir para quadros de síndrome metabólica com o tempo.
Importante: A classificação dos tipos de obesidade não substitui o diagnóstico clínico individualizado. Apenas um profissional de saúde pode avaliar qual o tipo predominante em cada paciente.
Quais são os graus?
A classificação da obesidade por graus é baseada no Índice de Massa Corporal (IMC). Essa escala ajuda a estimar o risco de complicações metabólicas e orientar decisões clínicas.
A tabela abaixo mostra os intervalos adotados pelo Ministério da Saúde e pela Organização Mundial da Saúde:
Classificação | IMC (kg/m²) |
Peso normal | 18,5 a 24,9 |
Sobrepeso | 25 a 29,9 |
Obesidade grau 1 | 30 a 34,9 |
Obesidade grau 2 | 35 a 39,9 |
Obesidade grau 3 | 40 ou mais |
Cada grau indica níveis progressivos de risco para doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2, apneia do sono e outras condições.
Obesidade grau 1
É considerada a forma inicial. O risco metabólico já começa a se elevar, principalmente em pessoas com fatores associados, como hipertensão ou sedentarismo.
🔎 IMC entre 30 e 34,9
Obesidade grau 2
Esse grau já representa alto risco para a saúde, especialmente se houver alterações nos exames laboratoriais.
🔎 IMC entre 35 e 39,9
Obesidade grau 3
Também chamada de obesidade grave, severa ou mórbida, esse é o estágio com maior risco de complicações e de redução da expectativa de vida.
🔎 IMC igual ou superior a 40
Segundo a Abeso, esse grupo demanda atenção especializada e, em muitos casos, pode ser indicado tratamento farmacológico ou avaliação para cirurgia bariátrica.
Qual é o grau de obesidade mais grave?
A obesidade grau 3 é considerada a mais grave em termos clínicos. Ela está associada a:
- Maior risco de doença cardiovascular precoce
- Altas taxas de resistência à insulina e diabetes tipo 2
- Dificuldades respiratórias (apneia do sono, hipoventilação)
- Comprometimento da mobilidade e qualidade de vida
- Estigmatização social e impacto sobre a saúde mental
📌 Esse grau exige abordagem multiprofissional e cuidados contínuos.
O que acontece com quem tem obesidade grau 3?
A obesidade grau 3 representa o estágio mais severo da condição. De acordo com a Abeso, pessoas com esse grau apresentam risco muito elevado de complicações metabólicas, cardiovasculares e funcionais.
Riscos associados ao grau 3
As principais consequências clínicas observadas incluem:
- Doença arterial coronariana e infarto agudo do miocárdio
- Diabetes tipo 2 de difícil controle
- Hipertensão arterial resistente
- Apneia obstrutiva do sono e insuficiência respiratória
- Esteatose hepática não alcoólica (fígado gorduroso)
- Doenças osteoarticulares (especialmente nos joelhos e coluna)
- Maior incidência de certos tipos de câncer, como colorretal, mama e endométrio
Além dos aspectos físicos, há impacto significativo na saúde mental, com prevalência aumentada de:
- Transtornos de ansiedade
- Depressão
- Transtorno de imagem corporal
- Isolamento social
Impactos na mobilidade e autonomia
Pessoas com obesidade grau 3 podem apresentar:
- Limitação para atividades cotidianas, como subir escadas ou caminhar por longas distâncias
- Redução da capacidade funcional e autonomia
- Necessidade de adaptações em mobiliário, transporte e vestuário
Esses fatores agravam a exclusão social e aumentam a dependência de outras pessoas, o que reforça a urgência de intervenções estruturadas.
Acesso à saúde e preconceito
Estudos da Obesidade Brasil e da própria Abeso indicam que pacientes com obesidade grau 3 enfrentam barreiras no acesso ao sistema de saúde, incluindo:
- Falta de equipamentos adequados
- Demora no encaminhamento para tratamento especializado
- Estigma por parte de profissionais, o que compromete o acolhimento clínico
Esse cenário reforça a necessidade de capacitação da equipe de saúde e inclusão de protocolos de cuidado que respeitem a complexidade da obesidade.
Obesidade tem cura?
É uma condição crônica, de longa duração, com origem multifatorial. Isso significa que não se trata de uma doença aguda, com início, meio e fim, como uma infecção. Por isso, falar em “cura” para a obesidade pode ser inadequado do ponto de vista médico.
📌 O termo mais adequado é “remissão” ou “controle clínico”, como ocorre em outras doenças crônicas, como diabetes tipo 2 e hipertensão arterial.
O que significa remissão da obesidade?
A remissão ocorre quando a pessoa atinge uma redução significativa do IMC e melhora dos marcadores metabólicos, como glicemia, pressão arterial e perfil lipídico, mantendo esses resultados de forma sustentada.
Essa melhora pode ocorrer com:
- Mudanças consistentes no plano alimentar
- Prática regular de atividade física
- Uso de medicamentos prescritos para obesidade
- Em alguns casos, cirurgia bariátrica
No entanto, mesmo após perda de peso, o risco de reganho permanece. Isso se deve a alterações hormonais, ao histórico da pessoa e ao ambiente em que ela vive — fatores que continuam influenciando o metabolismo e o comportamento alimentar.
Por que não se fala em cura?
Segundo a Abeso e o Ministério da Saúde, a obesidade tem base genética, metabólica, psicológica e ambiental. Esses fatores não desaparecem completamente, mesmo após a perda de peso.
Por isso, o tratamento da obesidade exige acompanhamento contínuo e uma abordagem integrada, que inclua:
- Apoio nutricional e psicológico
- Monitoramento médico regular
- Estratégias para manter o peso perdido a longo prazo
Como tratar a obesidade?
O tratamento da obesidade é multifatorial e deve ser individualizado. Envolve a combinação de estratégias comportamentais, nutricionais, farmacológicas e, em alguns casos, cirúrgicas. O objetivo principal não é apenas a perda de peso, mas a melhora da saúde metabólica e funcional.
1. Alimentação adaptada e planejada
A base do tratamento está na adoção de um plano alimentar equilibrado, que respeite as necessidades energéticas e nutricionais da pessoa.
Esse plano deve priorizar:
- Alimentos in natura e minimamente processados
- Fontes de fibras, como legumes, frutas e grãos integrais
- Redução de alimentos ultraprocessados, ricos em gordura, açúcar e sódio
- Regularidade das refeições e atenção ao comer emocional
O acompanhamento com nutricionista é essencial para ajustar o plano alimentar à rotina e às condições clínicas.
2. Atividade física regular
A prática de exercício físico, quando possível, aumenta o gasto energético, preserva a massa muscular e melhora indicadores cardiovasculares e metabólicos.
As recomendações da Organização Mundial da Saúde incluem:
- Pelo menos 150 minutos semanais de atividade aeróbica moderada
- Reforço muscular duas vezes por semana
- Adaptação progressiva em casos de limitação funcional
3. Terapias adjuvantes
- Medicamentos para obesidade podem ser indicados em casos selecionados, sob prescrição médica.
- Apoio psicológico ajuda no manejo do comportamento alimentar, ansiedade e autoestima.
- A cirurgia bariátrica é uma alternativa para casos de obesidade grau 3 ou grau 2 com comorbidades, conforme protocolos do SUS e sociedades médicas.
📌 O sucesso do tratamento depende de acompanhamento contínuo, metas realistas e suporte multiprofissional.
❓Perguntas frequentes
O que é obesidade?
É uma doença crônica caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura corporal, com impacto sobre o metabolismo, os órgãos e a saúde geral. O diagnóstico mais comum é feito com base no IMC (Índice de Massa Corporal), mas outras medidas, como circunferência abdominal e percentual de gordura, também são utilizadas para avaliar o risco metabólico.
O que causa a obesidade?
A obesidade é causada pela interação de fatores genéticos, metabólicos, ambientais e comportamentais. Entre as causas mais frequentes estão:
- Alimentação rica em ultraprocessados
- Sedentarismo
- Sono inadequado
- Estresse crônico
- Predisposição genética
- Desequilíbrios hormonais
- Determinantes sociais de saúde
Segundo o Ministério da Saúde, a obesidade não é consequência apenas de excesso de comida, mas de condições complexas e sistêmicas.
Quantos kg é considerado obeso?
Não há um peso fixo para a definir, pois ela depende da altura. O critério mais usado é:
- IMC ≥ 30 = obesidade
Exemplo: - 1,60 m → obesidade a partir de 77 kg
- 1,70 m → obesidade a partir de 87 kg
- 1,80 m → obesidade a partir de 97 kg
📌 A avaliação deve sempre ser feita por um profissional de saúde.
Quais são os 4 tipos de obesidade?
As classificações mais utilizadas incluem:
- Obesidade androide: acúmulo de gordura no abdômen
- Obesidade ginecoide: acúmulo nos quadris e coxas
- Obesidade sarcopênica: excesso de gordura com perda muscular
- Obesidade metabolicamente saudável: sem alterações laboratoriais, mas com obesidade no IMC
Cada tipo apresenta implicações clínicas distintas, exigindo abordagens específicas de manejo.
Qual o grau mais grave da obesidade?
O grau mais grave é a obesidade grau 3, também chamada de obesidade severa ou mórbida, definida por IMC igual ou superior a 40. Está associada a:
- Maior risco de diabetes tipo 2 e hipertensão
- Doenças cardiovasculares graves
- Dificuldades de mobilidade
- Comprometimento da qualidade de vida
- Aumento da mortalidade por causas relacionadas à obesidade
O que acontece com quem tem obesidade grau 3?
Pessoas com obesidade grau 3 frequentemente enfrentam:
- Complicações clínicas severas, como apneia do sono, doenças articulares, esteatose hepática e síndrome metabólica
- Estigmatização e barreiras no acesso à saúde, segundo dados da Abeso e da Obesidade Brasil
- Maior necessidade de tratamento especializado e acompanhamento contínuo
A abordagem deve ser multiprofissional, com suporte clínico, nutricional e psicológico, e possibilidade de cirurgia bariátrica conforme critérios médicos.