Saúde bucal: qual a relação entre diabetes e odontologia

Diabetes e odontologia estão interligados e precisam fazer parte da rotina do paciente. Para pessoas com diabetes, cuidar da saúde bucal não é apenas uma questão estética, mas vital no gerenciamento da doença. Problemas como a periodontite não só afetam os dentes e as gengivas, mas também podem complicar o manejo da glicemia. 

Se você tem diabetes, fique atento aos sinais como dor de dente espontânea ou durante a alimentação, sangramento gengival, gengiva vermelha ou inchada, mau hálito persistente, dentes mais longos ou bambos. Esses sintomas podem indicar condições como gengivite e periodontite, especialmente graves em pessoas com diabetes, podendo levar à perda dos dentes.

A Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) tem como diretriz no que se refere diabetes e odontologia, que pessoas com essa condição precisam de maiores cuidados porque têm maior propensão a cáries, perdas dentárias e complicações durante o uso de aparelhos ortodônticos. 

A hipossalivação, que causa boca seca e halitose, também é comum, assim como infecções fúngicas como a candidíase. A recomendação da SBD é de que todo paciente com diabetes deve ser encaminhado para exames odontológicos completos logo após o diagnóstico, e deve regularmente tratar sua saúde bucal. 

Como deve ser o atendimento odontológico de pessoas com diabetes 

O estudo sobre “Diabetes na Odontologia: Manifestações Bucais e Condutas para Atendimento” dos dentistas Erika Thaís Cruz da Silva, Rodrigo Gadelha Vasconcelos, Sandra Aparecida Marinho e Marcelo Gadelha Vasconcelos revela que pessoas com diabetes precisam de atenção especial no consultório odontológico. Primeiro, é importante que o dentista determine o tipo de diabetes e classifique o paciente de acordo com o grau de risco. 

Pacientes com diabetes bem controlado podem ser tratados de maneira similar aos não diabéticos na maioria dos procedimentos de rotina. No entanto, eles devem fazer consultas trimestrais ao dentista para garantir que tudo está em ordem.

Por outro lado, pacientes com diabetes descontrolado precisam de avaliações mais frequentes. Em cada visita, devem ser instruídos sobre técnicas de escovação, uso do fio dental e receber tratamentos preventivos para cáries e periodontite, como aplicação de flúor e remoção de biofilme.

Consultas devem ser adaptadas 

O atendimento odontológico a pacientes diabéticos deve ser adaptado conforme suas particularidades, levando em consideração o horário e o tempo dos procedimentos clínicos. O melhor horário para consultas desses pacientes é no período da manhã, quando a insulina atinge seu nível máximo de secreção. 

Adicionalmente, durante a manhã, os níveis endógenos de corticosteroides estão mais elevados, permitindo uma maior tolerância do paciente ao aumento da adrenalina e da glicemia, que resultam de situações de estresse.

O controle da ansiedade é outro cuidado importante durante o atendimento odontológico. A liberação de adrenalina endógena por estresse pode interferir na ação da insulina, levando à hiperglicemia. 

Para reduzir a tensão, devem ser realizadas consultas curtas e prioritariamente no início da manhã, quando os níveis endógenos de corticosteroides são mais altos e os procedimentos estressantes podem ser melhor tolerados. Além da redução do estresse, o controle adequado da dor também é importante no atendimento ao paciente diabético. 

A epinefrina e a secreção de cortisol geralmente aumentam em situações estressantes. Esses dois hormônios elevam a glicemia pela estimulação da gliconeogênese e da glicogenólise hepáticas.

Como devem ser as consultas em pessoas com diabetes?

O estudo também mostra que a relação entre diabetes e a odontologia também precisa rever a forma de consultas. Evite as sessões mais longas, pois podem afetar quadros de ansiedade. Além disso, o paciente deve fazer refeições normalmente antes das consultas. 

O cirurgião-dentista deve esclarecer sobre a dieta adequada e higiene bucal, bem como aferir a pressão arterial antes e após as consultas. Nos casos em que o atendimento necessite de procedimentos mais complexos, é essencial planejar cuidadosamente, sempre considerando o estado de saúde geral do paciente e a necessidade de ajustes na medicação ou alimentação. 

Trabalhar em estreita colaboração com outros profissionais de saúde, como endocrinologistas, ajuda a garantir que que se estreite a relação entre diabetes e odontologia, não interferindo negativamente no controle do diabetes.

Como a diabetes influencia na saúde bucal?

Os níveis elevados de glicose no sangue podem comprometer a capacidade do corpo de combater bactérias e afetar a circulação sanguínea na boca. Isso pode levar a uma cicatrização mais lenta e a uma maior suscetibilidade a infecções bucais.

Pessoas com diabetes têm um risco aumentado de desenvolver problemas bucais, como doenças gengivais, cáries, xerostomia (boca seca) e infecções por fungos. A gengivite, por exemplo, é uma inflamação das gengivas comum em indivíduos com diabetes não controlada. Se não tratada, pode progredir para periodontite, uma infecção mais grave que pode resultar na perda de dentes. 

O estudo sobre “Diabetes na Odontologia: Manifestações Bucais e Condutas para Atendimento” afirma que cerca de 75% das pessoas com diabetes têm doença periodontal, que pode ser considerada uma complicação microvascular da doença. Quanto mais cedo ocorre o aparecimento do diabetes e quanto maior a duração do descontrole da doença, maior a susceptibilidade de desenvolver a doença periodontal.

Além disso, pacientes com diabetes sem gerenciamento podem apresentar candidose bucal (eritematosa e pseudomembranosa) e a xerostomia. Outros problemas bucais associados ao diabetes incluem queilite angular, varicosidades linguais, úlcera traumática e halitose. 

A cicatrização alterada ou retardada pode influenciar na úlcera traumática. Pacientes com diabetes relataram líquen plano oral e estomatite aftosa recorrentes. Outras alterações orais não infecciosas, como língua fissurada e hiperplasia fibrosa inflamatória, são mais prevalentes em diabéticos em comparação com não diabéticos.

Diabetes e odontologia: 11 dicas e cuidados essenciais 

1) Manter gerenciamento da glicose

Gerencie seus níveis de glicose no sangue conforme as orientações do seu médico.

2) Higiene bucal diária

  • Escove os dentes pelo menos duas vezes ao dia com uma pasta de dentes com flúor.
  • Use fio dental diariamente para remover a placa entre os dentes e sob a gengiva.

3) Visitas regulares ao dentista

  • Faça consultas odontológicas periódicas, pelo menos a cada seis meses.
  • Informe seu dentista sobre o seu diabetes e qualquer alteração em seu estado de saúde.

4) Monitoramento e tratamento de doenças gengivais

  • Esteja atento aos sinais de doenças gengivais, como gengivas vermelhas, inchadas ou que sangram facilmente.
  • Trate a gengivite precocemente para evitar a progressão para periodontite.

5) Controle da boca seca (Xerostomia)

  • Beba bastante água para manter a boca hidratada.
  • Use saliva artificial se necessário e evite bebidas açucaradas e alcoólicas.

6) Prevenção de cáries

  • Use produtos dentários com flúor, como pastas de dente e enxaguantes bucais.
  • Evite alimentos e bebidas açucaradas que podem aumentar o risco de cáries.

7) Manter uma alimentação saudável

  • Tenha uma alimentação adequada rica em nutrientes e baixa em açúcar.
  • Evite lanches frequentes que possam aumentar os níveis de glicose no sangue.

8) Evitar fumar

  • Pare de fumar, pois o tabagismo aumenta o risco de doenças gengivais e outras complicações bucais.

9) Gerenciar o estresse

  • Controle a ansiedade e o estresse para evitar picos de glicose no sangue.
  • Prefira consultas odontológicas curtas e no início da manhã, quando os níveis de cortisol são mais altos.

10) Comunicação com profissionais de saúde

  • Mantenha uma boa comunicação com seu dentista e endocrinologista.
  • Informe-os sobre qualquer alteração em sua saúde ou medicação.

11) Cuidados pós procedimentos odontológicos

  • Siga todas as recomendações pós procedimento do seu dentista.
  • Monitore sinais de infecção ou cicatrização lenta e informe seu dentista imediatamente se necessário.

Recomendações adicionais

Uso de antissépticos bucais

Utilize enxaguantes bucais recomendados pelo dentista para reduzir a placa e prevenir doenças gengivais.

Cuidado com prótese dentária

Se usar prótese dentária, mantenha-a limpa e bem ajustada para evitar irritações ou infecções.

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