Obesidade e apneia do sono: o impacto na qualidade de vida

A obesidade e a apneia do sono estão fortemente interligadas, pois o excesso de peso não apenas aumenta o risco de desenvolver apneia, mas também pode agravar os sintomas já existentes.

O acúmulo de gordura, especialmente na região do pescoço e da garganta, pode obstruir as vias respiratórias, dificultando a passagem de ar e aumentando as chances de episódios de apneia.

Além disso, a obesidade tende a intensificar os sintomas da apneia do sono, tornando-os mais frequentes e severos, o que compromete ainda mais a qualidade do sono e a saúde geral.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS),  em 2023, cerca de 39% da população adulta global estava classificada como obesa. 

No Brasil, o índice de obesidade atinge aproximadamente 26% da população, com um aumento significativo nos últimos anos.

Já a apneia do sono afeta cerca de 5% da população mundial adulta, sendo mais prevalente em pessoas com sobrepeso ou obesidade. 

O que é apneia do sono e como ela está relacionada à obesidade?

A apneia do sono é uma condição comum em que a respiração de uma pessoa é interrompida por breves períodos durante o sono. Existem diferentes tipos de apneia, sendo a apneia obstrutiva do sono a mais prevalente.

Nesse tipo, o relaxamento excessivo dos músculos da garganta bloqueia as vias respiratórias, impedindo o fluxo de ar.

Pessoas com obesidade têm uma probabilidade maior de desenvolver apneia do sono, principalmente porque o excesso de gordura na região do pescoço pode comprimir as vias aéreas, tornando a respiração mais difícil, especialmente quando a pessoa está deitada.

A obesidade está associada a um aumento do tecido adiposo nas áreas do pescoço e da faringe, o que pode agravar a obstrução das vias respiratórias.

Além disso, a gordura abdominal também pode exercer pressão sobre o diafragma, dificultando a expansão do pulmão e contribuindo para os episódios de apneia. 

Assim, a obesidade não apenas aumenta o risco de apneia do sono, mas também pode tornar os sintomas mais graves, como ronco excessivo e interrupções frequentes da respiração durante a noite.

Como a obesidade afeta a apneia do sono?

A relação entre obesidade e apneia do sono é bastante clara. Quando o índice de massa corporal (IMC) é elevado, há um aumento da quantidade de tecido adiposo em regiões críticas do corpo, como o pescoço e a cavidade abdominal.

Esses fatores aumentam o risco de obstrução das vias respiratórias e dificultam a respiração durante o sono.

  1. Aumento do tecido adiposo no pescoço: O acúmulo de gordura na região do pescoço pode reduzir o diâmetro das vias aéreas, tornando mais fácil a obstrução parcial ou total da garganta durante o sono, o que resulta em apneias frequentes. 
  2. Pressão abdominal: A gordura abdominal pode exercer pressão sobre o diafragma, dificultando a expansão completa dos pulmões e, consequentemente, a respiração. Isso pode agravar a apneia do sono, especialmente em indivíduos com sobrepeso ou obesidade. 
  3. Aumento da resistência das vias respiratórias: O aumento do tecido adiposo também pode aumentar a resistência das vias respiratórias, tornando mais difícil para o ar passar livremente e facilitando as interrupções respiratórias durante a noite.

Quais são os diferentes tipos de apneia do sono?

Existem três tipos principais de apneia, cada uma com causas e características distintas:

  1. Apneia obstrutiva do sono (AOS): Este é o tipo mais comum de apneia e ocorre quando os músculos da garganta relaxam excessivamente durante o sono, bloqueando as vias respiratórias. A obstrução impede que o ar entre nos pulmões, causando interrupções temporárias na respiração. A obesidade é um dos principais fatores de risco para a apneia obstrutiva, especialmente devido ao aumento de gordura na região do pescoço, que pode comprimir as vias aéreas. 
  2. Apneia central do sono: Nesse tipo, a apneia ocorre devido a uma falha no centro respiratório do cérebro, que não envia os sinais necessários para que os músculos responsáveis pela respiração funcionem adequadamente. Embora seja menos comum que a apneia obstrutiva, a apneia central do sono também pode levar a sérias consequências para a saúde, como fadiga crônica e problemas cardíacos. 
  3. Apneia mista ou complexa do sono: A apneia mista é uma combinação dos tipos obstrutivo e central. Nesse caso, o paciente pode experimentar a obstrução das vias respiratórias, característica da apneia obstrutiva, juntamente com uma falha na regulação da respiração pelo cérebro, como na apneia central.

Como detectar a apneia do sono?

A apneia do sono pode ser difícil de ser detectada sem uma avaliação adequada, já que muitos dos sintomas ocorrem durante o sono, quando a pessoa está inconsciente. No entanto, existem diversos sinais e métodos que podem ajudar na identificação da apneia do sono:

Observação dos sintomas

  • Ronco alto e intermitente: O ronco é um dos sinais mais evidentes, especialmente na apneia obstrutiva, quando as vias respiratórias são bloqueadas.
  • Interrupções na respiração: A pessoa com apneia do sono pode ter pausas na respiração durante o sono, que podem ser observadas por um parceiro de cama ou familiar. Essas pausas geralmente duram alguns segundos e são seguidas por um ronco alto ou um engasgo.
  • Fadiga diurna excessiva: Mesmo após uma noite inteira de sono, quem tem apneia do sono pode sentir extrema sonolência durante o dia, ter dificuldades para se concentrar ou sentir-se constantemente cansado.
  • Dificuldade de concentração e memória: A falta de sono reparador afeta a função cognitiva, causando problemas de concentração e esquecimentos frequentes.

Avaliação médica

Se você ou alguém próximo apresentar esses sintomas, é fundamental consultar um médico. Um profissional de saúde especializado pode realizar uma avaliação detalhada, incluindo perguntas sobre hábitos de sono e histórico médico.

Polissonografia (Estudo do sono)

O diagnóstico definitivo da apneia do sono é feito por meio de um exame chamado polissonografia. Este é um estudo do sono realizado em um laboratório especializado, onde o paciente passa a noite sendo monitorado enquanto dorme. Durante o exame, são registradas várias funções do corpo, como:

  • Atividade cerebral (ondas cerebrais)
  • Movimento ocular
  • Atividade muscular
  • Respiração (fluxo de ar, oxigenação e esforço respiratório)
  • Ritmo cardíaco

A polissonografia ajuda a detectar a presença e a gravidade da apneia do sono, identificando quantas pausas na respiração ocorrem durante a noite.

Monitoramento domiciliar

Em alguns casos, o médico pode recomendar um monitoramento domiciliar do sono, onde o paciente usa um dispositivo portátil para monitorar a respiração, o nível de oxigênio e a atividade cardíaca enquanto dorme. Embora não seja tão detalhado quanto a polissonografia, esse exame pode ajudar a detectar sinais de apneia.

Questionários sobre sono

Existem também questionários, como o Questionário de Epworth, que ajudam a identificar a sonolência diurna excessiva e a probabilidade de apneia do sono. O médico pode usar esses questionários como uma ferramenta inicial para o diagnóstico.

Consequências da obesidade e apneia do sono para a saúde

Quando a obesidade e apneia do sono coexistem, os efeitos na saúde podem ser graves e multifacetados:

  • Fadiga crônica: A apneia do sono pode causar interrupções constantes no sono, resultando em fadiga durante o dia e diminuição da produtividade. A obesidade também pode aumentar a sensação de cansaço, uma vez que o corpo fica sobrecarregado com o excesso de peso, dificultando o descanso adequado. 
  • Problemas cardíacos: Ambos os problemas estão associados a um risco maior de doenças cardíacas. A apneia do sono pode aumentar a pressão arterial e sobrecarregar o coração, enquanto a obesidade é um fator de risco conhecido para doenças cardiovasculares. 
  • Hipertensão: O impacto da apneia do sono na saúde cardiovascular pode agravar a hipertensão, especialmente em pessoas com sobrepeso. O aumento da pressão arterial é um efeito comum da apneia do sono, o que pode levar a complicações graves a longo prazo. 
  • Metabolismo afetado: A obesidade pode interferir na regulação do metabolismo, enquanto a apneia do sono pode afetar a produção de hormônios que controlam o apetite e o metabolismo, resultando em um ciclo vicioso que dificulta o controle do peso. 

Como tratar a obesidade e a apneia do sono

O tratamento de obesidade e apneia do sono pode ser desafiador, mas com as abordagens adequadas, é possível melhorar a qualidade de vida e reduzir os sintomas. Algumas opções de tratamento incluem:

  1. Gerenciamento do peso: A redução do peso corporal, especialmente na região abdominal e no pescoço, pode aliviar significativamente os sintomas da apneia do sono. A perda de peso é uma das estratégias mais eficazes para melhorar tanto a apneia quanto a obesidade, ajudando a desobstruir as vias respiratórias e facilitar a respiração durante a noite.
  2. Uso de CPAP (aparelho de pressão positiva contínua nas vias aéreas): O CPAP é um dispositivo comum no tratamento da apneia do sono, que mantém as vias respiratórias abertas durante o sono, evitando as interrupções respiratórias.
  3. Mudanças no estilo de vida: Além da perda de peso, outras modificações no estilo de vida, como a prática regular de exercícios, a adoção de uma alimentação saudável e a melhoria dos hábitos de sono, são fundamentais para melhorar o controle da obesidade e a qualidade do sono.

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